terça-feira, 22 de dezembro de 2009

2009/2010/Natal/etudomais

Quando eu era criança estudava em um colégio de freiras que classificava as notas em O (ótima), MB (muito bom), B (bom), R (regular), F (fraco) e I (insuficiente). Até a 5ª série, tirar abaixo de B era um absurdo, um desacato, um acontecimento digno de três dias de sofrimento profundo. Depois o R passou a ser lindo, as expectativas caíram, e o bom passou a ser o aceitável, o que no final do ano permitisse um “aprovado” no canto de uma folha de sulfite.

Engraçado como as tendências se mantém e, adaptando a cada situação, essas notas o e estas diferença de satisfação referente ao nivelamento, continuam vida a fora. Ano passado considerei meu ano MB, sem grandes percalços, com direito a mudança de cidade e coração livre. Este ano, o nível de exigência subiu e o meu ano continuou MB, apesar do carro novo, do emprego legal, dos novos amigos, de viagens bacanas e de felicidade, sim, sem tamanho.

Longe de ser chatice ou reclamações com a barriga cheia. A verdade é que meu ano foi sensacional e, lendo o texto de promessas que fiz em janeiro, constatei que fui uma aluna exemplar, daquelas que erra só para o professor não achar que está colando. A nota não é somente referente a resultados. Pega bom comportamento, realizações, conquistas: soma tudo e divide por três.

Enfim, o ano que foi lindo pode virar um 2010 melhor ainda. Se tem uma coisa que eu sei fazer é manter as coisas boas da vida, nada de se desfazer só porque comprei outra, sabe? Portanto, que neste ano que entrará em alguns dias eu possa dar continuidade às coisas especiais do mundo. Que o juízo me faça guardar dinheiro, a consciência a fazer trabalho voluntário, o carro a viagens de final de semana, o desamor à cidade de SP a uma vida mais cultural e fazendo jus ao que esta cidade cinza tem para me oferecer.

Também: que volte para o inglês, para a yoga, para o abraço dos amigos de infância, para os livros ao invés da TV, para o médico ao invés do Google, para o suco ao invés da cerveja.
Que este final de ano seja profundo. Que cada um possa sentir o que realmente tem dentro de si. Tem quem fique triste nesta época (euuu) e, ao contrário do que muita gente pensa, isso não é de todo mal. Está na hora de evoluirmos. Sentir, gente, seja o que for, faz virarmos gente grande (e tem hora melhor para crescer do que a virada do ano).

Um Natal intenso para todos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Momento Blé (chata prá caralho)

Blé. A chuva não para, um monte de gente morrendo, trânsito dos infernos. Mais de três horas por dia dentro do carro, sem nada de útil para fazer. A balada, que sempre foi uma boa válvula de escape, virou uma coisa chata, cheia de gente chata. A conta bancária diminui tão rapidamente quanto a água doce do mundo, que segundo a Veja dessa semana, cabe em duas garrafas de 1,5 litro. Medo. Terror. E blé.
Nunca acreditei na profecia de que o mundo vai acabar em 2012. Puta besteira, balela. Mas ao ler a mesma revista citada no parágrafo anterior, me pego pensando que talvez a profecia esteja realmente errada. O mundo acaba antes de 2012! A expectativa de vida subiu, o número de pessoas no mundo cresceu absurdamente e, o que deveria ser proporcional tem a função inversa. Não existe nada; o mundo consome mais do que a Terra produz. Blé, de novo.
Se for acabar em 2012 que isso seja garantido já. Ando tão em dúvida sobre tudo que ter prazo de validade facilitaria um pouco as coisas. A obviedade, clareza não existem. Tudo que eu queria era arrumar a minha mala cor de rosa com meia dúzia de roupinhas legais e me jogar no mundo. São Paulo, como sempre, está consumindo as minhas boas energias, tirando a paz que sempre me orgulhei de ter aqui dentro. Entre voltar para casa de “papais” ou mudar para o Japão para estudar matemática, resolvi comprar uma bicicleta.
Dar um passo para trás, retirar o que foi dito, lidar com a falta de sucesso de um plano inicial. Resolver entre o certo e o mais certo ainda ou o errado e o mais errado ainda está me deixando surtada. E o pior, a cama e o travesseiro estão localizados em uma zona de perigo que pode explodir a qualquer momento. Socorro. E blé.
PS: Além dessa matéria de capa, a Veja publicou uma entrevista com Geyse Arruda, sobre a lipo que ela acabou de fazer. Mais blé impossível.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

...

Por muito tempo ela soube como controlar e como respirar de uma maneira que não a fizesse explodir. Por alguns anos ela quis somente estar, sem pensar que para estar era preciso ser. Ela não precisava de nada além daquilo, de nada que estivesse além dos corpos óbvios e conectados por algo que nunca lhes faltou. Não precisava do mais, do plus, do surpreendente. Hoje, ao enxergar a vida de um jeito ensinado pelo pai, um jeito que não se satisfaz com pouco e nem com apenas o já esperado, viu que o que é oferecido não é o bastante. E isso não é culpa de ninguém, a não ser dela mesmo. Esperar de qualquer pessoa algo que não esteja inerente a uma personalidade deliciosamente peculiar, é realmente um desacato. Sem ironia na voz, note, ela está serena. Somente incomodada por ter percebido que é fundamental ter a trufa e não somente a barra de chocolate meio-amargo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Alma-do

Se ele não fosse meu irmão, meu amor, meu Gui, meu guru, meu Bê, meu lado bom. Se ele não fosse minha melhor bagunça, minha paz, minha certeza, minha inspiração, minha vontade, minha decisão. Se ele não fosse meu carinho, meu bicho papão ao contrário, meu cheirinho, meu abraço forte. Se não fosse a minha sorte, a minha loucura desvairada. Se não fosse o meu filho emprestado, o meu menino mais lindo do mundo. Se ele não fosse nada disso, ele seria meu anjo da guarda.

Sábado é aniversário da pessoa que faz o meu olhar ficar melhor.

(Meu pequeno, faz nove anos que eu descobri como que é amar um filho, mesmo sem ter um).

Parabéns, Bê. Que você seja feliz do jeito que só você sabe ser.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Pelo Francisco...

Acabei de ler um blog que realmente mexeu comigo. Definitivamente não é difícil me fazer chorar. Inclusive, só hoje já chorei duas vezes e, a primeira, foi assistindo a festa de 10 anos do Mais Você. Me emociono com coisas pequenas. Palavras, músicas, brigas, abraços, olhares, toque, homenagem, verso, prosa, criança, família, amigos.
Choro com a fome, mas também com o final da novela. Fico triste com violência, mas também com um filme água com açúcar. Criança na rua tira a minha fome, mas uma crônica bem escrita, também. Enfim, o que eu to querendo dizer é que é fácil fazer o meu coração entortar.
Mas, hoje especialmente, ele fugiu do meu controle. Li um blog escrito por uma mãe. Sim, uma mãe, igual a minha e a de todos nós. Porém, ela, ao contrário das nossas, passa por uma barra incomum. Perdeu o marido quando estava grávida de sete meses do primeiro filho. O blog tem por objetivo fazer com que o pequeno conheça o pai, que ele perdeu pouco antes de nascer. A mulher escreve excepcionalmente bem, sem drama, sem choramingos. Lindo de ver.
As palavras dela me fizeram pensar em tudo que eu tenho deixado de falar, de mostrar. Eu realmente tento não deixar vácuos de sentimentos, prefiro a clareza ao orgulho, a franqueza ao medo de perder por ter escancarado. Portanto, quero dizer aqui hoje, que eu realmente sinto. Sinto por dentro, por fora, de dentro e de fora. Sinto pelos poros, pela pele.
Sem brigas por hoje (é, é com você). Para que mesmo a gente perde esse tempo sabendo que amanhã vai estar tudo bem? E se, no meio do caminho entre uma palavra grossa e outra mal interpretada, surge um imprevisto (três vezes na madeira, mas...)? Já pensou em todo o tempo que a gente vai ter perdido, usando a nossa história como bomba atômica? A minha vontade é de te sacudir e falar “se toca, só você pode virar o seu mundo pro lado certo”.
E você, pai, mãe, irmãos...por que mesmo a gente não se fala um eu te amo todos os dias? Por que a gente briga pela luz acesa do quarto, pela louça suja na pia, pela roupa que não queríamos emprestar? Viva os meus domingos acordando às 10h da manhã, depois de ter dormido às 6h. Dá-lhe grudinho com papai, irmão e sobrinho.
Meninas, a minha intensidade é de vocês. Algo falta entre a gente? Conseguimos falar “te amo” a cada troca de e-mail, de mensagem no orkut, em final de ligação. E sim, nós sabemos que eu te amo não é bom dia.
Este texto enorme, nada poético e cheio de coisas que precisamos vamos cumprir, é apenas para dizer que o http://parafrancisco.blogspot.com, merece ser lido. Mas, em tempo: quando não tiver ninguém por perto, ninguém que não possa te ver chorando. A história é linda, mas, mais lindo ainda, é tomar a consciência de que as coisas devem ser declaradas, escancaradas, sem medo, sem depois, sem amanhã.
Deixa o coração pular pra fora. Ele merece andar por onde bem entende.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Lugar nenhum (bem feito).

Há tempos não me permitia. Engolia o choro, segurava a vontade, tampava os olhos. Há meses não deixava meu coração entortar, minha cabeça dar nó. Fiz isso outro dia. Olhei para as estrelas e chorei por minutos. Sem saber o motivo ao certo, simplesmente deixei o meu corpo refletir exatamente o que se passava aqui dentro. Doeu pensar, doeu aceitar. Machucou perceber que tudo aquilo, todo aquele sofrimento que estava camuflado em finais de semana agitados, é culpa minha. Sou bem resolvida, assumo meus erros, dou a volta por cima, mas, dessa vez, a bagunça interior está alguns pontos acima do meu controle emocional. Quis tudo, depois não quis nada e, mais tarde, quis só metade. Fui eu que manipulei a minha vida, mesmo que da forma mais errada do mundo. Escolhas saíram daqui, dessa cabeça que pensa que sabe, desse coração que acha que sente, dessas mãos que acham que sabem aonde devem ficar. Nada aqui sabe de nada. Deu nisso: tentando andar para trás e conseguir uma coisa ou andar para frente para conseguir outra, acabei parada exatamente onde estava. No mesmo lugar de sempre, em lugar nenhum.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Branca de Neve e o Sei Lá

Sempre tudo foi um pouco confuso. Sentimento que não sei, palavra dita, apagada, amarga e doce. Tudo junto. Mas agora, em especial, o nosso mundo particular tem estado um pouco mais complicado. Eu quero saber como ele está, dá um aperto no peito, as pernas amolecem e algo me diz que eu preciso ligar, que só ligando eu vou ficar em paz. Aí eu ligo, ele não me atende como das outras vezes. Toca, toca, toca e cai em uma caixa postal que eu tenho certeza de que nunca é ouvida. O aperto aumenta. A confusão também e eu, que acho que sei as coisas do mundo, me perco em mim e em tudo que mora aqui dentro. Realmente não sei o que eu quero, nem o que eu sinto e nem o que eu preciso ter. E, apesar de tudo, a paz convive bem com essas loucuras, com esse nãoseioquê de adolescência mal acabada. E ele não é quem todo mundo pensa (e essa informação eu tenho com exclusividade). Me alivia saber disso, no fundo, bem no fundo, faz bem ter a certeza de que apesar de tudo, acima de todas as minhas confusões (minhas?), orgulho (meu também?) e histórias bem ou mal acabadas, existe amor.

Embora pela primeira vez na vida esta palavra tenha ficado em último lugar no texto...

PS. Saudade do pé com pé (e do olhar lindo que derrete até sorvete feito em forminha de gelo).

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

.meu melhor lado.

É uma que cai do carro na hora de vomitar. Outra que vomita no banco da praia com um casal por perto. Tem também a que fica com global e fala que o conhece de uma novela que ele nunca fez, a que tem cara de santa, mas é a pior de todas, a que mora longe e desmaia em banheiros alheios. Tem a que dorme depois de beber à tarde, a que xinga de uma forma nada hostil a vaca do trânsito, a que não consegue abrir os olhos enquanto ri. Tem a que é pega no flagra pelo pai, a que perde qualquer coisa que esteja ao alcance (ou não), a que não se permite enfiar o pé na jaca nunca. Tem a que tem cara de fresca, mas gosta de acampar, tem a que toma cerveja na praia e continua com a barriga chapada, tem a que fica com três vizinhos ao mesmo tempo. Tem a que dorme na porta da igreja, a que canta em cima do balcão da padaria, a que se apaixona no carnaval e a que foge do cara se escondendo dentro do banheiro. Tem a que acha que a palavra “prepara” é sobrenome de todos os participantes do rodeio, a que manda o presunto fritar e a que grita “volta pro pão carne loucaaaa”. Tem a que dirige se maquiando, tem a que quer ser artista mas não sabe pintar e tem a que cai invadindo quatros alheios em hotel. Tem a que não dorme aos finais de semana, a que não fala com estranhos e que fala com qualquer pessoa, nem que seja para ouvir elogios à calça. Uma chora vendo filme, a outra chora lendo livro, tem a que chora vendo choro. Em comum? TUDO. E sim, faz todo sentido.
AD INFINITUM. AMO VOCÊS.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Eu sei. Preciso escrever. Mas posso voltar na semana que vem?

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Agora, sim

Ela gosta de trabalhar, gosta de estudar e gosta de tomar uma cerveja aos finais de semana. Ela é certinha, não usa drogas, não é adepta do sexo casual, não fuma, não come fritura de segunda a sexta, não come carne vermelha há dois anos (mas ela substitui com proteínas de outros alimentos, afinal, ela é certa). Ela toma dois banhos por dia, faz pilates e aprendeu a correr recentemente. Ela tem mais amigos do que a idade de toda a sua família somada. E são amigos mesmo, daqueles de verdade. Aliás, ela sabe fazer amizades como ninguém. Comprimenta qualquer pessoa na rua, sorri para mendigos, divide garrafas de cerveja com pessoas que nunca viu na vida. Ela acorda cedo todos os domingos para ver o pai e o irmão, independentemente da hora que chegou em casa no sábado. Ela enfia o pé na jaca, não tem medo de mudança, adora labirinto, tem pavor de linha reta e previsibilidade. Escreve, lê, medita, ajuda, conversa, respira, escuta. Mora com amigas, divide contas, louça suja, quarto, banheiro, mágoas do trabalho, raivinhas, puff na hora da novela e o dinheiro da faxineira, do aluguel e do supermercado. Ela tem objetivos definidos, sabe aonde quer estar daqui cinco anos, tem metas a anda cumprindo rituais para alcançar desejos. Ela tem noção de literatura, de cinema, de cultura brasileira, de cultura geral, de moda, de saúde, de economia e de política. Tudo meio superficial, mas ela sabe manter uma conversa. Ela já caiu, levantou, caiu de novo (viu, ela sabe que “de novo” é separado, assim como “a gente”). Gosta de música brasileira, de jazz e de livro bom. É cheia de defeito também. Muda de ideia a cada cinco minutos, não consegue persuadir ninguém (e ainda que se meter a ser assessora de imprensa) e é incapaz de segurar o choro quando ouve um grito, mesmo que não seja para ela. Fala mais do que deveria, estuda menos do que queria e tem sonhos possíveis e impossíveis. Ah, ela ainda quer casar e ter três filhos, mas nada de labrador e cerquinha branca.
Ela é feliz pra porra. Mas ontem, enquanto esperava todos os carros do mundo atravessarem o semáforo antes dela, pensou que falta alguma coisa. Na verdade, três coisas. E hoje, ao ler o horóscopo, viu que é dia de realizar. Começou a colocar os pingos nos is, mandou e-mails importantes, levou comida para o trabalho no o objetivo de economizar e marcou na agenda datas para conclusão dos três “projetos”.
Se ela não fizer isso por ela, quem mais fará? A hora é a que dá. A dela, já.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mesmo que mude

É sempre a mesma coisa
Mudo de emprego, de casa, de roupa, de vida
Mudo de amigos, de estilo musical, de carro, de preferência gastronômica
Mudo de ares, de bares, de esporte, de peso na balança
Mudo de esmalte, de livro, de religião, de crença
A única coisa que não muda é o que ele representa na minha vida.

É amor que vira raiva, que se transforma em mágoa, que volta a ser amor
É rotativo. Mas tudo sempre acaba em saudade
O amor vira saudade
A mágoa vira saudade
Até a raiva vira saudade

E é tudo tão misturado que não dá para matar a saudade sem voltar com o amor
Não dá para abraçar e manter a raiva
Só o amor sobrevive, mesmo que doído
Mesmo que sofrendo mutações
Mesmo com vestígios de grito esgasgado ou marcas de unha na mão
É sempre amor, mesmo que mude.

Mas o que mais dói, ainda é a saudade. O não saber.

(Conseguiu passar no teste?).

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Texto bem do sem graça

Ando meio sumida, eu sei. Vidinha boa. Tranquila. Senti falta dele me esperando na porta do banheiro quando estava na balada sábado. E na hora que eu estava indo pagar a conta para fugir daquele lugar barulhento, por um momento, senti a mão dele segurando a minha, meio que me escoltando para nenhum marmanjo chegar perto. Deu um frio na barriga.
Mas, enfim. Se ter um assunto certo para texto é primordial para jogar letrinhas no computador, eu fico sem escrever. Tem tanta coisa passando pela minha cabeça. O trânsito de São Paulo está caótico, perco uma hora e meia, diariamente, entre idas e vindas. Ganho um monte de pensamento torto. Sim, estou feliz.
Comecei pilates, comecei a correr e comecei a trazer comida para agência. Chega de comer fora e consumir toda a gordura acumulada em uma chapa quando solicito apenas um franguinho grelhado. Comecei a pensar diferente, comecei a dirigir por aqui, comecei a não ficar em casa à noite. Comecei a cansar do meu cabelo claro demais, comprido demais. Comecei a começar uma vida nova. (de acordo?).
Ah, sim, eu espero...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Quero minha criança de volta

Ontem as meninas se trocaram lá em casa e meu pai levou a gente pra balada. Parou na porta, buzinou (ele adora fazer a gente pagar mico) e disse que ia nos buscar às 4 horas, pontualmente. Semana passada eu recebi meu primeiro salário. Guardei 200 dos 500 reais. Impressionante como eu consigo economizar, nasci pra isso. No último mês eu saí todo final de semana, inclusive nos domingos. Fui pra escola meio zonza de sono, dormi na primeira aula, mas com essa cara de meiga o máximo que o professor acha é que eu passei a noite em claro estudando. Ai, não sei o que prestar no vestibular. Uma dúvida terrível, diria que o maior dilema da minha vida. Minha mãe fala pra eu fazer Direito pra ser rica. Meu pai manda eu fazer qualquer coisa pra ser feliz. Eu fico entre os dois, como sempre.
Outro dia aí fiquei com um carinha, ele passou de bicicleta lá em casa e ficamos embaixo do meu prédio conversando um monte. Gente boa ele. Deve passar lá na academia essa semana pra gente se ver. Tô vendo que vai ser mais um dia que eu vou até a academia e fico na porta conversando e comendo pastel. Se meu pai descobre que me paga academia pra eu ficar enchendo os poros de gordura de pastel ele me mata. Ah, vou pra Londres mês que vem. Vou perder algumas aulas do primeiro ano da facul, mas vai valer a pena. Estudarei inglês período integral. Tô ansiosa.
....
Ai, queria lembrar em que momento foi que eu deixei tudo isso aí de lado para virar gente grande. Quando foi que passei a gastar meu salário em contas e quando foi que passei a não poder dormir à tarde, comer qualquer coisa e não engordar, sair se me preocupar com o dia seguinte. Quando foi que eu comecei a ter gastrite e a trabalhar 10 horas por dia? “Adultisse” não tem volta? Aii, que desespero. Ainda mantenho coisas bizarras, tipo dormir com ursinho de pelúcia. Sei bem que manter a juventude de espírito é fundamental, mas eu queria tanto aliar a isso juventude de vida mesmo. Eu ainda saio sem hora pra voltar, eu ainda enfio o pé na jaca, eu ainda gasto meu dinheiro com todas as besteiras do mundo. Mas além de não pesar mais 45 quilos, eu tenho idade o suficiente para ser colocada na mesa dos adultos durante o almoço de domingo. E não tem volta.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

(QUASE) final de jogo

Além de começar a usar Renew Antiage (25+) e iniciar os depósitos da previdência privada, o meu ¼ de século me trouxe umas coisinhas a mais. Eu achava que era inferno astral. Depois passei a achar que era TPM. Como nenhuma das duas hipóteses tem validade mais, eu já parti para a teoria do cabelo branco. Fui para o salão e retoquei minhas luzes para tentar, assim, clarear meu cérebro. Nada.

Comecei a idade nova com todas as áreas da minha vida mal-resolvidas. Nada de felicidade completa. Sabe quando você não sabe se sai com a bolsa rosa ou com o sapato roxo? Então, é isso. Paguei meu cartão de crédito chorando, pensando que ao invés da dívida de quinhentos reais em besteira, eu poderia ter investido quinhentos reais em um curso. Sim, a idade chegou e a responsabilidade veio de brinde.

O certo para mim é o “complicado e perfeitinho”. O famoso “homem errado”. Ninguém entende. Nem eu. Logo, mudemos de parágrafo para coisa não complicar mais. (Sabe a história do não pensar para não ter que resolver? É isso).

O trabalho é um caso à parte. Gente do céu, eu já falei aqui um milhão de vezes o quanto eu não gosto do mundo corporativo? Posso falar mais uma? Obrigada. Estou ficando louca e a minha gastrite tem dado pulinhos aqui dentro. É stress por todos os lados. Queria ganhar na mega agora e partir para uma volta ao mundo. Clichê, mas renovaria minha alma.

Enquanto procuro terapia e intensifico as minhas aulas de yoga, penso que o que eu tenho que fazer mesmo é me resolver profundamente. Aceitar e dar o mérito da vitória ao lado emocional (sempre torci por ele na arquibancada mesmo). Esquecer a razão, me deixar levar um pouco – só – pelo o que o coração diz. As mensagens são dúbias, cheia cortes, mas, no fundo, eu sei interpretar perfeitamente. É que nem o inglês, precisa de treino, mas se pega no tranco vai que é uma beleza. A partir de agora, o que eu vou intensificar, é a maior razão de todas: a do meu coração.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Chuveiro frio

Surpresa. Uma dor de estômago fora de hora anda tirando o meu humor. Deve ser o inferno astral. Encosto na minha costela, na parte de baixo, e sinto um reflexo de dor até o último fio do cabelo. Por que eu não gritei bem embaixo do chuveiro quarta passada quando cheguei em casa querendo matar todos os seres humanos que habitam a terra? Talvez hoje eu estivesse com a alma um pouco mais lavada. Dizem por aí que gastrite é emocional. Ando repensando a minha vida. Hoje, quando acordei, estava tão, mas tão frio que me deu vontade de chorar, pegar minha mala cor-de-rosa e voltar para casa da mamãe. Não queria de jeito nenhum levantar. Me esforcei pensando no meu salário, na responsabilidade que uma mulher de quase 25 anos deve ter, mas foi quase que mais difícil que parar de comer chocolate. Entrei no banho e olha que coisa (!), o chuveiro não esquentou. Claro, tudo contribui para o meu humor. Eu desejei de todas as formas cabíveis amar o meu trabalho. Eu só queria estar com vontade de sair de casa, de colocar um terninho com uma malha por baixo e andar de salto alto tendo a certeza de que aquele dia faria a diferença na minha vida profissional. Mas não, eu relutei, eu saí do banho trêmula e por pouco não fiz um mortal na minha cama. Eu desisti de pegar metrô e vim andando, contra o vento congelante da Avenida Paulista. Passei o dia meio enjoada, meio chata, meio birrenta, meio emburrada, meio chateada, meio puta da vida. Marquei uma endoscopia para sexta e vou levar um bilhete para o médico que dirá o seguinte: “quando colocar o caninho aí dentro, injeta certezas, coragens e tira, qualquer vestígio, qualquer um mesmo, de confusão”. Quando eu acho a minha paz de espírito o chuveiro resolve queimar? Meu coração precisa de água fervendo.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Altamente contagioso

Eu preciso escrever, eu preciso escrever, eu preciso escrever. Deito no puff da Livraria Cultura na minha mísera hora de almoço e leio, leio muito. Alterno frases do Divã com palavrinhas de um livro de ficção tão ruim que eu não lembro nem o nome. Tudo para me inspirar. Volto para o trabalho e me deparo com três releases pendentes. Preciso entregar para o cliente até o fim da tarde, as letras têm que sair do canto do cérebro e pular na minha mesa, urgente. Sabe aquele pacotinho da Maggi de sopa de letrinhas coloridas que a gente tomava quando era criança e procura até hoje no mercado no dia de compras do mês? Então, lembro dele e peço, com toda meiguice do meu ser, que meu pensamento junte aquelas coisas pequenas e coloridas e as transforme em frases lindas, que vão agradar de primeira o meu chefe.

Um dia escutei que os poetas são tristes. Eu não sou poeta e também não sou triste. Mas, deixando de lado o “pé da letra”, me pego pensando que a paz interior talvez tenha roubado as minhas palavras. Eu ando feliz, espalhando sorrisos por aí. Acredito que qualquer sentimento, seja bom ou ruim, é tipo doença contagiosa. Não encosta que pega! Nada de usar a mesma toalha. Se coçou um olho, não coce o outro. Sai pra lá com esse nariz entupido. Não chegue perto de mim com mais de 37,5 de febre. Sentimento é que nem gripe, pega mesmo. E eu quero mais é contaminar todo mundo que esteja com a imunidade baixa. Eu ando romântica (??). Encosta aqui (ui) que eu transmito este vírus.

Se alguém quiser me ajudar com os releases que tenho que entregar, favor entrar em contato. Eu pago com vários vírus.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Eu gosto de São Paulo?

Eu mudei para São Paulo achando que a minha vida ia na bagagem, junto com casacos pesados e botas (apesar de estar a uma hora daqui, tinha a impressão que passaria por uma tempestade de neve a cada dia). Vim de mala e cuia. Cheia de planos, vontades e certezas de transformação. Achei que tudo mudaria em um passe de mágica. Plim, a varinha de piripinpin me faria esquecer um amor de cinco anos, me daria reconhecimento profissional, engordaria a minha poupança e me tornaria uma pessoa muito mais adulta e responsável.

Realmente muita coisa mudou. Da casa de “papais” e fui pra uma casa de “amigas”. Quase uma república. Festa uma vez por semana. Cerveja alternando com uma taça de vinho e, não raros dias, uma cachacinha durante alguma brincadeira de duplas. Bom, pelo tom da última frase logo se vê que não mudou muita coisa. Crescer é inevitável (assim como o happy hour da quinta-feira), mas na essência, aquela lá de dentro mesmo, continua igual. Permaneço dura no final do mês, ainda me irrito com meu trabalho, tenho dias de mau humor e cozinhar continua sendo um passatempo, desde que ninguém me peça.

Agora, é impossível não falar sobre as vantagens de morar nesta cidade que eu ainda não sei se gosto (muitas pessoas no mesmo metro quadrado, quando não é por lazer, me tiram do eixo). Se antes eu almoçava em casa e dava uma dormidinha no sofá, agora eu como em restaurantes charmosos e dou uma passada no Masp para ver a exposição do mês (Vick Muniz, por exemplo, dá para ver todos os dias. Recomendo). Troquei as minhas caminhadas na praia por corridinhas (esporádicas, confesso) no Parque Ibirapuera. Acrescentei à minha lista de bares frequentáveis, um monte de lugar diferente, com gente diferente, comida diferente e, irremediavelmente, preços bem diferentes também (a minha conta que o diga).

Quando eu estava sem nada para fazer em Santos, ia dar uma volta no shopping. Quando estou sem nada para fazer em São Paulo, pego um metrô e vou até um Museu qualquer. Não que eu tenha deixado de gostar de shoppings, simplesmente tenho opções que me fazem sentir o gostinho da cultura. Falando nisso, essa semana estive na Virada Cultural. Meu (para entrar no clima do texto), que evento fantástico. Enquanto assistia Zeca Baleiro e via acrobacias aéreas tomando água (eu precisava estar muito sóbria para perceber todos os detalhes) passou pela minha cabeça que eu estava em Londres, no meio de uma multiculturalidade sem igual. Para mim, a mistura de cor-raça-roupa-sexo-opçãosexual-cordecabelo-equalqueroutracoisa é a manifestação mais clara de que estamos rumo ao 1º mundo.

Bom, pensando bem, eu acho que gosto daqui. Também gosto de Recife, Guarujá, Londres, Rio de Janeiro e Buenos Aires. Mas São Paulo é, é, é...ah sei lá, é São Paulo. É louco, livre, grande, nada acolhedor. E é tão, mas tão cinza que de perto dá para enxergar certa mistura de cores que passa do branco com preto. Chega no rosa, no azul, no verde. Passa por onde a imaginação permitir. Afinal, São Paulo é isso. Te permite criar, ousar e fazer o que bem entender. Sem nem precisar olhar para os lados e ver se tem alguém olhando.

Definitivamente, eu adoro morar aqui. Mas quem me dá uma carona para descer na sexta? Eu preciso ver/estar/sentir Santos. Ooo terrinha boa.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Ou não

Eu podia sair agora para comer alguma coisa. Eu podia também ficar em casa vendo filme ou sair para tomar uma vodca com guaraná em alguma baladinha com crianças de 15 anos. Eu podia fazer aquele filé de frango com alecrim, mas, pensando bem, eu podia comer um kibe com catupiry aqui na Esquina da Esfiha. Calma, eu não como carne vermelha há dois anos, por que comeria agora, se nem estou com tanta vontade? Dava para sair com as meninas que eu não vejo desde a época da escola, mas, pensando bem, vai rolar uma nostalgia e hoje eu acordei querendo sorrir 24 horas. E se eu fosse até o Museu da Língua Portuguesa? Sei lá, eu já fui três vezes e por mais que custe só R$6 eu não preciso gastar dinheiro, afinal, preciso guardar para o curso no Canadá ano que vem. Canadá? Mas não era África do Sul? Calma, acho que eu tinha decidido estudar por aqui mesmo e tentar só daqui uns quatro anos uma pós em Londres. Meu pai falou ontem para eu fazer o Mestrado direto, vale mais a pena. Respondi que a minha especialização tem que ser stricto mesmo. Mas o que você quer mesmo fazer, filha? Ah pai, aquela que eu falei semana passada, sobre projetos culturais e terceiro setor. Mas não era essa que você disse que não dava dinheiro? Era, né? Pensando melhor, vou mudar para uma de comunicação organizacional. Ou eu posso também fazer outra faculdade. Preciso investir meu dinheiro em algo útil. Vou comprar um carro. Putz, não tem garagem no meu prédio. Posso mudar de apartamento, tava querendo um maior mesmo. Mas péra, se eu dobrar o valor do aluguel, não vou comprar o carro. E nem fazer a pós. Muito menos o curso no exterior. Ah, quer saber? Vou colocar o dinheiro na poupança. Só preciso antes comprar umas roupas de trabalho. Eu odeio comprar roupa de trabalho, mas é o que eu mais faço, afinal, trabalhar também é o que eu mais faço. Deveria? Vou pegar um chá de camomila, estou ansiosa com uma resposta que tem que chegar rápido. Vai chegar e eu não vou saber o que fazer. Melhor tomar um café, eu preciso ficar ligada. Liguei a cafeteira, enquanto isso vou marcar salão, quero cortar meu cabelo. Oi, marca, por favor, para sábado, às 18 horas? Até lá dá pra decidir se eu vou cortar ou fazer só uma escova pra ele parecer mais comprido.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Mais uma chance pra mim

Outro dia, enquanto eu fuçava vidas no orkut, apareceu uma janelinha do msn “janta comigo hoje?”. Já tinha ouvido que ele nunca me esqueceu, mesmo da atitude mais escrota da minha vida: fiz de tudo para conquistar, surtei que precisava daquele homem e, três dias depois do primeiro beijo e depois da milésima ligação em setenta e duas horas, eu resolvi que não queria nunca mais olhar para a cara do moço. Decidi que ele era sem graça, sem sal e nem 1% interessante. Coisa de geminiana.

Um domingo desses meu celular apitou. Mensagem. “Cinema ou teatro?”. Tudo que eu sempre quis. Um homem que não me chamasse para beber alguma coisa e conversar sobre nada. Ele queria ir ao cinema ou, ainda melhor, assistir uma peça. E não era qualquer peça. Era uma daquelas que exigem um mínimo de inteligência. Que não é qualquer pessoa que gosta de assistir. Eu adoro estes programas culturais complexos, mas, neste dia, preferi dormir. “Tenho que entrar mais cedo amanhã no escritório. Desculpa, ta?”.

Depois me ligou um amigo das antigas. Sempre fui a fim dele e o bonitão nunca me deu bola. Foi me ver na balada com outro que resolveu aparecer. Disse que estava me vendo de uma forma diferente. Diferente, amigão? Lançou um “sempre soube que você é a mulher certa pra mim, só estava numa fase meio assim, infantil”. Me assustou. Tudo bem que eu acho mesmo que ele só queria me testar, mas este “a mulher certa pra mim” me soou quase como um pedido de casamento. Mas eu jamais assumi.

E com tudo isso, eu continuo reclamando. Continuo falando por aí que estou cansada de estar solteira, que eu estou cansada de sentar em um bar e tomar cerveja que nem homem, que eu estou cansada de ler textos bonitos e não ter para quem enviar com aquele recadinho de final “muito nosso, não tinha como não lembrar de você”. E eu continuo indo para a balada, voltando fedida de cigarro e me sentindo a mulher mais sem alma do mundo. E insisto em falar o famoso clichê “ninguém me ama, ninguém me quer”. Continuo sem dar chance pra vida. Chance pra mim. Ainda programo o meu sábado sem nem pensar na possibilidade de aceitar uma dessas programações que citei. Continuo me achando auto-suficiente e esperando que o homem perfeito caia do céu. Preciso ouvir mais Jota Quest e colocar em prática aquela coisa de “o amor, pode estar, do seu lado”. Decidi que vou dar um abraço de urso nas possibilidades de ser feliz (mais?). Por mim.

*Erikitha, amiga do coração igual ao meu, o texto também foi pra você.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Dezesseis toneladas

Eu ando por aí rindo de tudo. Acho graça de graça. Ninguém está precisando me dar pirulito de coração e nem bala-chiclete para me ver feliz. Eu estou meio boba, sabe? Outro dia fiquei pulando na cama – dos outros, que nem quando eu tinha cinco anos e queria fazer algo escondido da minha mãe. Eu tenho dado mais risada, tenho achado tudo mais leve. O meu coração está pra fora faz uns dias. Ele tá legal, não tem reclamado nem dos meus abusos de poder. Ele andava falando por aí que eu estava folgada, colocando quem bem entendia dentro dele que já estava tão, mas tão cheio que qualquer dia explodia. Mas agora tudo mudou, eu resolvi liberá-lo, deixei solto, dei férias, decretei feriado. Ninguém entra, só ele sai. Para onde quiser. Isso me deixou mais livre. Eu que sempre detestei as coisas certinhas, abri mão da formalidade, abri mão da hierarquia (eu que mando?), abri mão das regras. Deixei tudo por aí. O resultado? Uns quilos a mais. Felicidade engorda. E eu não quero nem saber.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Siiiiim à rotina!

Eu sempre detestei rotina. Adoro começar o dia sem saber ao certo como ele irá terminar. Sou meio sem-regra. Sigo meu coração até nisso. Se tenho vontade, vou e faço. Se não, deixo para amanhã sem um pingo de dor na consciência. Acredito fielmente que qualquer coisa só é bem feita quando é realizada com vontade. Sigo meus instintos com pés de menina mimada que acha que pode controlar o rumo da vida.

Acontece que eu descobri esses dias que não tenho juízo – e nem vocação – para não ter planejamento. Ok, não vou chegar ao trabalho e montar uma planilha (eca!) com todas as tarefas e a hora em que elas serão realizadas. Mas levantar da cama sem ter pelo menos idéia do que será o meu dia, não resulta em boa coisa.

No fim do ano passado eu pedi demissão. Queria me sentir livre (e leve e solta). Um monte de plano na cabeça e nenhuma idéia colocada no papel. Como boa geminiana que sou, os meus mais brilhantes pensamentos acabam assim como começam: do nada. Nesses três meses de um quase ócio (ócio?) quis ser mãe, tia, assistente social, curadora de projetos internacionais, gorda, louca, organizadora de carnaval, assessora de imprensa voluntária (adoro não ter dinheiro, impressionante). Também não quis ser nada disso. Na mesma intensidade.

Com uma proposta legal voltei para o escritório. Estou amando a minha rotina de nove horas diárias e almoços em restaurantes charmosos. Minha cabeça parou de pensar em planos imaginários (e homens que aparecem quando precisamos pensar em alguma coisa para não enlouquecer). Hoje enquanto me trocava para vir trabalhar, liguei a TV e fiquei ouvindo o “Mais Você”. No estúdio, com a Ana Maria Braga, duas meninas que se consideravam burguesinha (sim Seu Jorge, tão usando por aí). Elas relataram um orgulho enorme de não trabalharem. E mais: mostraram maquiagem importada, quatrocentosequaretaenove cartões de crédito e nada, mas nada mesmo, na cabeça.

Vim trabalhar andando, feliz da vida por ter uma rotina que me faz crescer todos os dias. Que me faz usar a cabeça (não apenas pra fazer escova). Que me enriquece (não apenas no material). Que me ensina cada dia (tudo). Que mais faz ver todas as cores da vida.

Ps. Hoje o expediente está acabando e eu acabei de pensar que não pensei nele em nenhum segundo do dia. Mágica? Não, trabalho.



domingo, 15 de fevereiro de 2009

Foi exatamente o que eu senti quando ele me olhou fundo, colocou minha alma do avesso e disse para que eu não me preocupasse porque a gente só vive com essa mania louca de andar pra trás pelo simples fato do nosso passado ser muito mais simples de entender do que o nosso presente. A gente volta pra não se perder pelo caminho, sabe? Ele me disse com uma cara de pau digna de soco na cara.

Aí ele me segura pelo braço e esquece que eu não dei essa liberdade. Fala tudo que eu precisava ouvir e pergunta se eu tomo uma taça de vinho. Será que ele não percebe que essa imperfeição-perfeita me tira do sério? Tem dias que eu tenho medo de gastar todo o meu poder de bom-mocismo e acabo destilando algo não tão amável só para garantir a o romantismo do dia seguinte. Se eu fosse todos os dias a meiga que ele acredita ter por perto gastaria em um mês toda a minha defesa. Ai, longe de mim ter ele por perto sem armas pro ataque.

Ai, longe de mim não ter ele por perto.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

... (muitos)

Ele me faz uma falta terrível. É estranho clicar no “chegou e-mail” e a caixa continuar vazia. Meu celular não toca mais de madrugada. Eu lembro dele sempre e eu sei que ele lembra de mim. Afinal, é na minha mania de rir de tudo, de todas as bobagens faladas e insinuadas, que ele se esconde quando está com preguiça de vida. Ele sabe que a única preguiça que eu não tenho é de viver. E me segue para ouvir o tempo inteiro que é capaz, que é inteligente, que é lindo e que vai conseguir tudo que quer. E escuta. E eu o faço acreditar. E eu tento mostrar caminhos diferentes, mesmo sabendo que não posso distanciá-lo do meu, já que é incoerente com os nossos destinos. Sugiro mudanças, incentivo. (pausa para avisar que esse texto não vai ter parágrafos, imitando a nossa história, sem começo, sem meio e sem fim). E eu amo tanto, tanto, tanto que falo que vou deixar em paz. Sem ironia. Eu desejo mesmo a paz. Mas, a gente tem um gênio tão igual que a o que eu desejo pra ele é exatamente o que ele deseja pra mim o que resulta em uma contradição tremenda, afinal, se eu estou desejando a paz é porque, certamente, estou ciente de que por momentos, ela estará ausente da minha vida. E eu olho pro lado, fecho os olhos, penso, penso, penso. Quero contar que vi desenho na nuvem, quero chorar no telefone assistindo “Lata Velha”. Quem mais vai entender que eu tenho distúrbios engraçados que me fazem chorar em qualquer situação? Eu preciso contar que caí na rua pra ele me chamar de retardada e eu retribuir com um outro elogio e depois dar risada, com àquelas crises que dão até dor na barriga. Sabe a famosa história “é sempre amor mesmo que mude?”. Pois é, é sempre amor mesmo que mude. E eu não sei se ele está procurando outro emprego, se está bebendo menos, se vai ter juízo no carnaval. Eu não sei nada e, pela primeira vez na vida, acho que é melhor assim. A vida está andando, exatamente como tem que ser. Eu não me prendo mais no que vai acontecer amanhã. E sim, fique à vontade pra se amparar nas minhas neuroses quando estiver rindo de tudo e precisando levar algo a sério. Eu faço o mesmo.
Ps: TPM.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

D – E – S – I – S – T – O

Nunca gostei dessa palavra, embora a use com frequência. Sou geminiana das brabas, daquela que deixa livro faltando três páginas para acabar. Mas, dessa vez, eu tenho fortes argumentos. Sério.

Eu desisto de ser solteira. Quer dizer, eu desisto de levar vida de solteira, já que a primeira colocação não depende só de mim. Sempre gostei dessa história de sair sem hora pra voltar, de não dar explicação, de não dar telefonema com hora marcada, de só fazer o que tenho vontade, de usar a irresponsabilidade-responsável a meu favor. Mas, definitivamente, parei.

Ontem fui pra balada. Pagode dos bons. Gente bonita, amigos legais por perto, aquele cenário que sempre me faz acordar no dia seguinte com borboletas no estômago (já que não me apaixono, descobri outro jeito de movimentar isso aqui). Enquanto dançava o bole-bole a única coisa que passava pela minha cabeça era a sintonia linda do casal que estava do meu lado. Ela cantava olhando pra ele, nunca vi olhos brilhando tanto.

Semana passada foi a mesma coisa. Insisti que queria sair, enchi o saco das meninas falando que queria dançar, cantar alto, ver gente diferente. Ok, como elas são suuuper difíceis, toparam. Saímos e tudo que eu consegui fazer foi analisar as letras de música da bandinha de MPB.

Por isso eu decidi desistir. Se não tenho escolha (já que antes sozinha do que mal acompanhada) que eu viva essa fase sem me forçar a sair, sem me forçar a ser legal, a ser simpática com quem puxa o meu cabelo na balada. Não quero mais acordar com cheiro de cigarro no meu travesseiro. Não vou mais trabalhar morrendo de sono e me sentindo uma adolescente de 15 anos.

Pelo menos até a semana que vem.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Que em 2009...

Eu aprenda a correr e faça disso um hábito, eu pare de achar que chocolate é a cura de todos os males, eu descubra a diferença entre amor e sexo de uma vez por todas. Que eu pare de cuidar só das minhas mãos e faça as minhas unhas do pé pelo menos quinzenalmente, que eu gaste menos dinheiro em balada e restaurantes japoneses, que eu consiga, definitivamente, levar um relacionamento pra frente.

Que eu conquiste um emprego que me permita acreditar no que eu faço, que eu emagreça cinco quilos e destrua o efeito sanfona, que eu use mais roupas coloridas. Que eu viaje mais, leia mais, escreva mais e coloque em prática o plano de escrever um livro. Que em 2009 uma amiga (que possa e queira, claro) engravide, só para eu ter bochechas amassáveis para morder (e motivos para entrar em lojas de bebê – chega de ser louca).

Desejo um ano sem medo de mudança, com coragem de jogar tudo pro alto e pegar uns dias depois. Que eu arranje um namorado lindo, inteligente, independente, que goste dos meus amigos e que tope qualquer coisa, desde que seja perto de mim. Que eu tenha mais contato com a natureza, que frequente (sem trema, pelas novas regras da língua portuguesa) mais lugares abertos, que aprenda um terceiro idioma. Ah, e que decore todas as novas regras desta nova regra, deixe de detestar a palavra “regra” e o significado dela.

Que eu dedique mais tempo à yoga, tome mais suco natural, mais água de coco e menos (bem menos) cerveja. Que eu tenha dinheiro pra realizar desejos, paz para alimentar a alma, felicidade para inspirar realizações.

Desejo pra todos, exatamente o que desejo pra mim.

Namastê.