segunda-feira, 28 de março de 2011

Encalhada é você, tia!

Não foi a primeira vez que a minha mãe me perguntou: “por que cargas d´água, Bruna, você e suas amigas estão solteiras? É o único grupo que eu conheço, que são todas bonitas, inteligentes e...sozinhas”. Pois bem, na hora fiquei sem palavras, mas vamos lá tentar responder.

Tem livro de auto-ajuda garantindo que o problema é sermos independentes demais. Dizem por aí que homem gosta de mulher cheia de nhémnhémnhém, que precisa de alguém o tempo inteiro, seja para ouvir que tá bonita, seja para ter motivo para um jantar especial, seja para abrir a lata de atum. Definitivamente, nós não somos assim.

Tem revista feminina falando que não pode sair em gangue o tempo inteiro. Que chegar a um bar sozinha é charmoso, que precisa se instalar alí no bar, olhar para o bonitão ao lado (rs) e pedir um Martine. É , nós também não somos assim. Nós não somos NADA assim.

Por fim, tem amigos homens que andam nos dizendo que somos legais demais. Oi? Legais demais? Isso é uma crítica?

Eu e as meninas (que vão ser para sempre “meninas”) andamos grudadas. Chegamos juntas, depois de trocar roupa, sapato e fofoca. Frequentamos lugares que não são frequentados por rapazes que a Nova indicaria para moças solteiras. Pedimos uma cerveja, falamos alto, rimos alto, sentamos de perna de índio, falamos de novela, de moda, de homem bonito, de homem feio, de sexo , de BBB, de comida e de coisas nojentas. Não necessariamente nessa mesma ordem. A verdade é que falamos de tudo sem nos preocupar se tem alguém olhando.

Além disso, somos irritantemente independentes. Viajamos sozinhas, sustentamos nossas futilidades e nossas necessidades com muito trabalho, vamos ao cinema na companhia somente da pipoca e passamos fins de semana em casa, se preciso.

Quanto ao fato de sermos legais demais, prefiro me abster. Como assim? Preciso agora surtar se o cara resolve jogar bola na quarta-feira para arranjar um namorado bacana? Vou ter que ter crises de dor de cabeça no meio de uma festa? Preciso não deixar ele viajar com os amigos para um fim de semana tipicamente macho?

Bom, o resumo é o seguinte: eu e as meninas estamos solteiras porque a vida quer assim. Porque por meses (ou anos, que seja) estamos felizes e nos bastamos. Na hora que tiver que ser, iremos apadrinhar cerimônias lindas, filhos fofos e brindar todas as nossas uniões em casas de cerquinha branca. Enquanto isso, não precisam ter pena, não precisam achar que estamos infelizes por estarmos sozinhas. Acreditem: nós estamos é bem demais, acordando a hora que bem entendemos e fazendo do nosso sábado um dia sem necessidade alguma de uma prévia programação. E viva essa fase.

PS. O texto é pra Maisa, pra Erika, pra Thatá, pra Fabi e pra todas as outras mulheres que são obrigadas a ouvir de uma tia velha e infeliz “filhinha, nada de casar? Desse jeito vai ficar encalhada”.

terça-feira, 15 de março de 2011

É muito mais fácil ser feliz

Se tem uma coisa que eu tenho horror é por pessoas que não deixam a vida levar. Pragmáticas, monótonas, restritas. Gente que tem medo de se jogar de cabeça, receio de experimentar o que o mundo tem que melhor. A minha opinião é a seguinte: viver é bom, mas torna-se melhor ainda quando o verbo é conjugado sem amarras, sem dor de cabeça. Sou do tipo que não faz planos, não cumpre o orçamento previsto, não leva lista pro supermercado, não monta cronograma. Gosto do real sentido da palavra surpresa. Deixar acontecer e ver depois no que a bagunça deu. Acredite, na maioria das vezes, dá é muito certo. Enquanto o mundo perde um tempo danado pensando como otimizar tudo, eu otimizo simplesmente dispensando o planejamento e indo direto aos finalmentes. Fica aí parado no ponto contando as moedas que pode gastar no táxi enquanto eu vou andando, meu caro. No caminho – quem sabe – posso encontrar flores lindas.

Eu aguento tudo. Sou tolerante até o limite da chatice. Mas não me venha com nãos. A palavra não, quando o sentido é amigo do pessimismo, me tira do sério. Tudo dá certo. O meu otimismo é chato, é insistente e muitas vezes é confundido por alegria desmedida, aquela que irrita quando estamos no aeroporto cansadas e chega um grupinho cantando música de carnaval. Mas ele – o meu otimismo – me ajuda a ver tudo de uma forma mais colorida. Com a certeza de que as coisas vão dar certo, eu dispenso toda a prévia, despenteio o meu cabelo, rasgo a fantasia, entrego o meu coração na bandeja, e envio posteriormente, sem data marcada, um relatório de resultados qualitativo (números, na minha opinião, são amigos das pessoas chatas).

O negócio é muito mais simples do que a gente pensa. Pode ser pela idade, talvez há oito anos atrás eu não tivesse toda essa fome, mas a real é que eu necessito aproveitar cada segundo, cada momento. E não vai ser a falta do secador de cabelo, da agenda do celular ou da conta bancária gorda que eu vou deixar a vida andar de cavalinho nas minhas costas.