terça-feira, 25 de agosto de 2009

Agora, sim

Ela gosta de trabalhar, gosta de estudar e gosta de tomar uma cerveja aos finais de semana. Ela é certinha, não usa drogas, não é adepta do sexo casual, não fuma, não come fritura de segunda a sexta, não come carne vermelha há dois anos (mas ela substitui com proteínas de outros alimentos, afinal, ela é certa). Ela toma dois banhos por dia, faz pilates e aprendeu a correr recentemente. Ela tem mais amigos do que a idade de toda a sua família somada. E são amigos mesmo, daqueles de verdade. Aliás, ela sabe fazer amizades como ninguém. Comprimenta qualquer pessoa na rua, sorri para mendigos, divide garrafas de cerveja com pessoas que nunca viu na vida. Ela acorda cedo todos os domingos para ver o pai e o irmão, independentemente da hora que chegou em casa no sábado. Ela enfia o pé na jaca, não tem medo de mudança, adora labirinto, tem pavor de linha reta e previsibilidade. Escreve, lê, medita, ajuda, conversa, respira, escuta. Mora com amigas, divide contas, louça suja, quarto, banheiro, mágoas do trabalho, raivinhas, puff na hora da novela e o dinheiro da faxineira, do aluguel e do supermercado. Ela tem objetivos definidos, sabe aonde quer estar daqui cinco anos, tem metas a anda cumprindo rituais para alcançar desejos. Ela tem noção de literatura, de cinema, de cultura brasileira, de cultura geral, de moda, de saúde, de economia e de política. Tudo meio superficial, mas ela sabe manter uma conversa. Ela já caiu, levantou, caiu de novo (viu, ela sabe que “de novo” é separado, assim como “a gente”). Gosta de música brasileira, de jazz e de livro bom. É cheia de defeito também. Muda de ideia a cada cinco minutos, não consegue persuadir ninguém (e ainda que se meter a ser assessora de imprensa) e é incapaz de segurar o choro quando ouve um grito, mesmo que não seja para ela. Fala mais do que deveria, estuda menos do que queria e tem sonhos possíveis e impossíveis. Ah, ela ainda quer casar e ter três filhos, mas nada de labrador e cerquinha branca.
Ela é feliz pra porra. Mas ontem, enquanto esperava todos os carros do mundo atravessarem o semáforo antes dela, pensou que falta alguma coisa. Na verdade, três coisas. E hoje, ao ler o horóscopo, viu que é dia de realizar. Começou a colocar os pingos nos is, mandou e-mails importantes, levou comida para o trabalho no o objetivo de economizar e marcou na agenda datas para conclusão dos três “projetos”.
Se ela não fizer isso por ela, quem mais fará? A hora é a que dá. A dela, já.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mesmo que mude

É sempre a mesma coisa
Mudo de emprego, de casa, de roupa, de vida
Mudo de amigos, de estilo musical, de carro, de preferência gastronômica
Mudo de ares, de bares, de esporte, de peso na balança
Mudo de esmalte, de livro, de religião, de crença
A única coisa que não muda é o que ele representa na minha vida.

É amor que vira raiva, que se transforma em mágoa, que volta a ser amor
É rotativo. Mas tudo sempre acaba em saudade
O amor vira saudade
A mágoa vira saudade
Até a raiva vira saudade

E é tudo tão misturado que não dá para matar a saudade sem voltar com o amor
Não dá para abraçar e manter a raiva
Só o amor sobrevive, mesmo que doído
Mesmo que sofrendo mutações
Mesmo com vestígios de grito esgasgado ou marcas de unha na mão
É sempre amor, mesmo que mude.

Mas o que mais dói, ainda é a saudade. O não saber.

(Conseguiu passar no teste?).

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Texto bem do sem graça

Ando meio sumida, eu sei. Vidinha boa. Tranquila. Senti falta dele me esperando na porta do banheiro quando estava na balada sábado. E na hora que eu estava indo pagar a conta para fugir daquele lugar barulhento, por um momento, senti a mão dele segurando a minha, meio que me escoltando para nenhum marmanjo chegar perto. Deu um frio na barriga.
Mas, enfim. Se ter um assunto certo para texto é primordial para jogar letrinhas no computador, eu fico sem escrever. Tem tanta coisa passando pela minha cabeça. O trânsito de São Paulo está caótico, perco uma hora e meia, diariamente, entre idas e vindas. Ganho um monte de pensamento torto. Sim, estou feliz.
Comecei pilates, comecei a correr e comecei a trazer comida para agência. Chega de comer fora e consumir toda a gordura acumulada em uma chapa quando solicito apenas um franguinho grelhado. Comecei a pensar diferente, comecei a dirigir por aqui, comecei a não ficar em casa à noite. Comecei a cansar do meu cabelo claro demais, comprido demais. Comecei a começar uma vida nova. (de acordo?).
Ah, sim, eu espero...