quarta-feira, 3 de junho de 2009

Chuveiro frio

Surpresa. Uma dor de estômago fora de hora anda tirando o meu humor. Deve ser o inferno astral. Encosto na minha costela, na parte de baixo, e sinto um reflexo de dor até o último fio do cabelo. Por que eu não gritei bem embaixo do chuveiro quarta passada quando cheguei em casa querendo matar todos os seres humanos que habitam a terra? Talvez hoje eu estivesse com a alma um pouco mais lavada. Dizem por aí que gastrite é emocional. Ando repensando a minha vida. Hoje, quando acordei, estava tão, mas tão frio que me deu vontade de chorar, pegar minha mala cor-de-rosa e voltar para casa da mamãe. Não queria de jeito nenhum levantar. Me esforcei pensando no meu salário, na responsabilidade que uma mulher de quase 25 anos deve ter, mas foi quase que mais difícil que parar de comer chocolate. Entrei no banho e olha que coisa (!), o chuveiro não esquentou. Claro, tudo contribui para o meu humor. Eu desejei de todas as formas cabíveis amar o meu trabalho. Eu só queria estar com vontade de sair de casa, de colocar um terninho com uma malha por baixo e andar de salto alto tendo a certeza de que aquele dia faria a diferença na minha vida profissional. Mas não, eu relutei, eu saí do banho trêmula e por pouco não fiz um mortal na minha cama. Eu desisti de pegar metrô e vim andando, contra o vento congelante da Avenida Paulista. Passei o dia meio enjoada, meio chata, meio birrenta, meio emburrada, meio chateada, meio puta da vida. Marquei uma endoscopia para sexta e vou levar um bilhete para o médico que dirá o seguinte: “quando colocar o caninho aí dentro, injeta certezas, coragens e tira, qualquer vestígio, qualquer um mesmo, de confusão”. Quando eu acho a minha paz de espírito o chuveiro resolve queimar? Meu coração precisa de água fervendo.

Um comentário:

Iza disse...

Acho que funcionamos na mesma rotatividade.