quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Olééééé do coracion

Tem gente que adora se enganar. Engana o estômago faminto, engana o cérebro teimoso. É bem o tipinho de gente que tira a carga da bicicleta do spinning, que arruma uma dor de cabeça para faltar na academia ou no inglês. Que mente para si mesmo para terminar um trabalho amanhã, que se auto-sabota na dieta, jurando que um chocolate pequeno não faz mal a ninguém e que um sanduiche de frango grelhado do McDonald´s é completamente inofensivo.

Agora estou aqui para contar uma coisa: o coração a gente não engana nunca. Dá para tentar, desviar o pensamento, bloquear os contatos, excluir qualquer vestígio. É possível fingir que nada está acontecendo, sorrir para todos os lados, passar de festa em festa. Mas o coração, gente, é um bicho esperto para caralho.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Tão simples

Não suporto conjuntinhos. Não me venha com um terninho azul marinho, tradicional, com um corte elegante (leia-se, sem graça). Sou do tipo que mistura estampas. Com bom senso, posso tranquilamente colocar um sapato vermelho, com uma calça jeans e uma blusa amarelo ovo.

Sou geminiana das brabas, que troca o caminho, mesmo que por um mais longo, só para correr o risco de encontrar algo bacana pelo trajeto. Faço viagens que não estão no roteiro da CVC. Vou contra a lei das mulheres que gastam horrores com perfume, já que tudo que eu preciso é uma boa lavanda com cheiro de bebê.

Tudo isso para falar que tudo que é fora do padrão me agrada. Por que cargas d´água, tem que ser diferente no amor? Por que insisto em querer alguém que se encaixe perfeitamente em um briefing maluco que um dia estipulei como correto? Tem mesmo que gostar de praia, de MPB e não chegar perto de cigarro? Precisa curtir a natureza, ser louco por cerveja e idolatrar os meus amigos ? É indispensável que não goste de música eletrônica, que almoce com a família aos finais de semana e que seja viciado em criança?

Ok, ok. Para certas coisas não há como colocar a flexibilidade em jogo. Mas, assim, tem gente bacana por aí, que fuma cigarro, mas que é um puta homem interessante. Que não é muito chegado em criança (ainda), mas que se derrete ao falar de futuro. Que não curte um bom sambinha ou uma cerveja gelada, mas que mostre que uma viagem de aventura no fim de semana pode valer mais do que isso.

O negócio é o seguinte: não pode fazer a sobrancelha e nem ter frescura de cortar o cabelo em um lugar específico. Tem que amar a família, mas não precisa ser um grude com a mãe. Precisa ser esforçado, ter um trabalho bacana e o mínimo de ambição. É legal que não ache que balada é a cura para todos os males e tenha disposição para sair, mas que consiga acordar cedo no dia seguinte se o sol aparecer. Tem que ter amigos, não ser um carente incurável. Ah, sim, sem grude exacerbado. Simples, assim.

(Tá, admito, se propor uma viagem maluca por umas praias lindas ou fizer conseguir me surpreender em uma terça-feira qualquer, eu abro mão de todo resto).

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

E você, tem saudade do que?

Como assim não existe a palavra saudade em outros idiomas? Eu tenho saudade de todas as formas, em todas as linguas. Eu sou do tipo que precisa de coisas palpáveis. Mensuráveis. Consigo, por tempos, medir o tamanho de um amor, nem que a minha medida seja esquisita (te amo, sim, mais que chocolate). Tento, por vezes, calcular a força de uma amizade, levando em consideração o grau de apoio, de companherismo, de ensinamento, de sinergia e de sintonia. Agora, o que não dá, é para calcular a saudade. Saudade de um dia, de um ano, de uma época. Saudade da escola, do primeiro ano da faculdade, das bagunças na casa de amigos que ainda moravam com os pais e “roubavam” a casa assim que ouviam o barulho do motor do carro. Saudade de uma viagem. Viagem? Ah, a viagem de formatura.

Agora, saudade, saudade mesmo eu tenho de gente. Quando vem aquele aperto do peito e um nó estranho na garganta é batata, a saudade chegou. Veio forte. Cheia de atitude. Tem dias que é estranho deitar na cama e não ter a minha mãe para me cobrir e dar boa noite, embora ela esteja a míseros 50km de distância. Ficar sem almoçar na casa do meu pai no domingo, faz a minha semana perder alguns porcento de cor, já que com isso, fico desprovida da melhor energia do mundo. Ok, também sinto falta de quem eu falava todos os dias e cortei por pura necessidade. Uma necessidade que eu queria que não existisse nunca.

Saudade de amigos de infância, da época do colégio. Amigos que conheci em alguma viagem, que mantive contato por meses, mas que a rotina acabou afastando. Ai, essa rotina louca e acelerada, que transforma em saudade uma possibilidade de ligação às 3 horas da tarde, que acaba ficando para depois, para depois e para nunca. Saudade de quem foi. De quem o destino tirou. Longe de ser mórbida, mas vale falar: estou aprendendo a lidar com a morte de forma mais natural. Enxergando de forma diferente. Mas nem isso apaga uma dor forte, uma vontade de chorar incontrolável, quando vem à cabeça um momento passado junto, quando estávamos todos no mesmo mundo. No meu mundo.