terça-feira, 11 de novembro de 2008

Quase defeito da varinha de pilipipim

Engraçado como as coisas são. Eu sempre gostei de ficar sozinha. Considero minha companhia é ótima. Não tenho um pingo de medo da solidão, talvez porque no fundo eu nunca tenha conhecido o sentido literal da palavra. Sempre foi muito fácil. Adorava andar de calcinha pela casa vazia, mas, se começasse a chover com aquele vento que sacudia a porta da varanda, eu ligava pro celular da minha mãe e acionava a suuuper cia. Depois que eu saí de casa e resolvi morar com três loucas (amadas por demais, diga-se de passagem) sinto uma paz incrível quando chego do trabalho e não tem ninguém no 1002 da Callia. Mas, é escutar o barulhinho da chave na porta, que eu abro um sorrisão (e uma cerveja, claro) e me sinto a mulher mais completa do mundo por ter tanta gente perto de mim.

Aí me mandam viajar a trabalho. Eu vou feliz da vida. Dez dias sozinha num quarto de hotel. Isso significa que vou poder dormir pelada, tomar sorvete deitada na cama, dançar enquanto me troco. Ótimo. Fantástico. Entro no meu quarto, junto as duas camas de solteiro (oba, oba, oba!) e me esparramo. Vou ligar para o meu pai e contar que a vista enjoa de tão linda. Chamando. Opa, não completou? Como assim? Cadê o sinal do eu celular? Calma, vamos perto da janela, coloca o aparelho pra fora. Vai pauzinho, sobe, sobe. Essa merda realmente não tem sinal. Como eu vou viver sem poder contar para ninguém que o meu frigobar ta cheio de cerveja, que nem o do nosso carnaval? Ok, ainda me resta a internet. Claro, eu trouxe o modem da Claro. Como não tinha pensado nisso antes? Posso entrar no MSN e falar com todo mundo ao mesmo tempo. Atualizando lista de rede. Conectando, conectando, conectando. Falha. Ahhhhhhh não. Eu estou fora do mundo. É isso? Quero voltar para São Paulo agora. Socorro. Pára o mundo que eu quero subir.

Depois de todas as tentativas, deito, pego o telefone do quarto (foda-se a conta, eu preciso me comunicar) e ligo uma, duas, três vezes para o DDD 013. Respiro aliviada. Não, eu não estou sozinha. Acionei a varinha de pilimpimpim e vieram abraços virtuais. Ufa. Adoro a solidão que eu inventei para minha vida. Essa solidão de mentira, típica de pessoas mimadas (siim, eu confesso) que tem o mundo ao redor e só precisa da solidão como opção.