segunda-feira, 18 de maio de 2009

Altamente contagioso

Eu preciso escrever, eu preciso escrever, eu preciso escrever. Deito no puff da Livraria Cultura na minha mísera hora de almoço e leio, leio muito. Alterno frases do Divã com palavrinhas de um livro de ficção tão ruim que eu não lembro nem o nome. Tudo para me inspirar. Volto para o trabalho e me deparo com três releases pendentes. Preciso entregar para o cliente até o fim da tarde, as letras têm que sair do canto do cérebro e pular na minha mesa, urgente. Sabe aquele pacotinho da Maggi de sopa de letrinhas coloridas que a gente tomava quando era criança e procura até hoje no mercado no dia de compras do mês? Então, lembro dele e peço, com toda meiguice do meu ser, que meu pensamento junte aquelas coisas pequenas e coloridas e as transforme em frases lindas, que vão agradar de primeira o meu chefe.

Um dia escutei que os poetas são tristes. Eu não sou poeta e também não sou triste. Mas, deixando de lado o “pé da letra”, me pego pensando que a paz interior talvez tenha roubado as minhas palavras. Eu ando feliz, espalhando sorrisos por aí. Acredito que qualquer sentimento, seja bom ou ruim, é tipo doença contagiosa. Não encosta que pega! Nada de usar a mesma toalha. Se coçou um olho, não coce o outro. Sai pra lá com esse nariz entupido. Não chegue perto de mim com mais de 37,5 de febre. Sentimento é que nem gripe, pega mesmo. E eu quero mais é contaminar todo mundo que esteja com a imunidade baixa. Eu ando romântica (??). Encosta aqui (ui) que eu transmito este vírus.

Se alguém quiser me ajudar com os releases que tenho que entregar, favor entrar em contato. Eu pago com vários vírus.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Eu gosto de São Paulo?

Eu mudei para São Paulo achando que a minha vida ia na bagagem, junto com casacos pesados e botas (apesar de estar a uma hora daqui, tinha a impressão que passaria por uma tempestade de neve a cada dia). Vim de mala e cuia. Cheia de planos, vontades e certezas de transformação. Achei que tudo mudaria em um passe de mágica. Plim, a varinha de piripinpin me faria esquecer um amor de cinco anos, me daria reconhecimento profissional, engordaria a minha poupança e me tornaria uma pessoa muito mais adulta e responsável.

Realmente muita coisa mudou. Da casa de “papais” e fui pra uma casa de “amigas”. Quase uma república. Festa uma vez por semana. Cerveja alternando com uma taça de vinho e, não raros dias, uma cachacinha durante alguma brincadeira de duplas. Bom, pelo tom da última frase logo se vê que não mudou muita coisa. Crescer é inevitável (assim como o happy hour da quinta-feira), mas na essência, aquela lá de dentro mesmo, continua igual. Permaneço dura no final do mês, ainda me irrito com meu trabalho, tenho dias de mau humor e cozinhar continua sendo um passatempo, desde que ninguém me peça.

Agora, é impossível não falar sobre as vantagens de morar nesta cidade que eu ainda não sei se gosto (muitas pessoas no mesmo metro quadrado, quando não é por lazer, me tiram do eixo). Se antes eu almoçava em casa e dava uma dormidinha no sofá, agora eu como em restaurantes charmosos e dou uma passada no Masp para ver a exposição do mês (Vick Muniz, por exemplo, dá para ver todos os dias. Recomendo). Troquei as minhas caminhadas na praia por corridinhas (esporádicas, confesso) no Parque Ibirapuera. Acrescentei à minha lista de bares frequentáveis, um monte de lugar diferente, com gente diferente, comida diferente e, irremediavelmente, preços bem diferentes também (a minha conta que o diga).

Quando eu estava sem nada para fazer em Santos, ia dar uma volta no shopping. Quando estou sem nada para fazer em São Paulo, pego um metrô e vou até um Museu qualquer. Não que eu tenha deixado de gostar de shoppings, simplesmente tenho opções que me fazem sentir o gostinho da cultura. Falando nisso, essa semana estive na Virada Cultural. Meu (para entrar no clima do texto), que evento fantástico. Enquanto assistia Zeca Baleiro e via acrobacias aéreas tomando água (eu precisava estar muito sóbria para perceber todos os detalhes) passou pela minha cabeça que eu estava em Londres, no meio de uma multiculturalidade sem igual. Para mim, a mistura de cor-raça-roupa-sexo-opçãosexual-cordecabelo-equalqueroutracoisa é a manifestação mais clara de que estamos rumo ao 1º mundo.

Bom, pensando bem, eu acho que gosto daqui. Também gosto de Recife, Guarujá, Londres, Rio de Janeiro e Buenos Aires. Mas São Paulo é, é, é...ah sei lá, é São Paulo. É louco, livre, grande, nada acolhedor. E é tão, mas tão cinza que de perto dá para enxergar certa mistura de cores que passa do branco com preto. Chega no rosa, no azul, no verde. Passa por onde a imaginação permitir. Afinal, São Paulo é isso. Te permite criar, ousar e fazer o que bem entender. Sem nem precisar olhar para os lados e ver se tem alguém olhando.

Definitivamente, eu adoro morar aqui. Mas quem me dá uma carona para descer na sexta? Eu preciso ver/estar/sentir Santos. Ooo terrinha boa.