segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Lugar nenhum (bem feito).

Há tempos não me permitia. Engolia o choro, segurava a vontade, tampava os olhos. Há meses não deixava meu coração entortar, minha cabeça dar nó. Fiz isso outro dia. Olhei para as estrelas e chorei por minutos. Sem saber o motivo ao certo, simplesmente deixei o meu corpo refletir exatamente o que se passava aqui dentro. Doeu pensar, doeu aceitar. Machucou perceber que tudo aquilo, todo aquele sofrimento que estava camuflado em finais de semana agitados, é culpa minha. Sou bem resolvida, assumo meus erros, dou a volta por cima, mas, dessa vez, a bagunça interior está alguns pontos acima do meu controle emocional. Quis tudo, depois não quis nada e, mais tarde, quis só metade. Fui eu que manipulei a minha vida, mesmo que da forma mais errada do mundo. Escolhas saíram daqui, dessa cabeça que pensa que sabe, desse coração que acha que sente, dessas mãos que acham que sabem aonde devem ficar. Nada aqui sabe de nada. Deu nisso: tentando andar para trás e conseguir uma coisa ou andar para frente para conseguir outra, acabei parada exatamente onde estava. No mesmo lugar de sempre, em lugar nenhum.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Branca de Neve e o Sei Lá

Sempre tudo foi um pouco confuso. Sentimento que não sei, palavra dita, apagada, amarga e doce. Tudo junto. Mas agora, em especial, o nosso mundo particular tem estado um pouco mais complicado. Eu quero saber como ele está, dá um aperto no peito, as pernas amolecem e algo me diz que eu preciso ligar, que só ligando eu vou ficar em paz. Aí eu ligo, ele não me atende como das outras vezes. Toca, toca, toca e cai em uma caixa postal que eu tenho certeza de que nunca é ouvida. O aperto aumenta. A confusão também e eu, que acho que sei as coisas do mundo, me perco em mim e em tudo que mora aqui dentro. Realmente não sei o que eu quero, nem o que eu sinto e nem o que eu preciso ter. E, apesar de tudo, a paz convive bem com essas loucuras, com esse nãoseioquê de adolescência mal acabada. E ele não é quem todo mundo pensa (e essa informação eu tenho com exclusividade). Me alivia saber disso, no fundo, bem no fundo, faz bem ter a certeza de que apesar de tudo, acima de todas as minhas confusões (minhas?), orgulho (meu também?) e histórias bem ou mal acabadas, existe amor.

Embora pela primeira vez na vida esta palavra tenha ficado em último lugar no texto...

PS. Saudade do pé com pé (e do olhar lindo que derrete até sorvete feito em forminha de gelo).

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

.meu melhor lado.

É uma que cai do carro na hora de vomitar. Outra que vomita no banco da praia com um casal por perto. Tem também a que fica com global e fala que o conhece de uma novela que ele nunca fez, a que tem cara de santa, mas é a pior de todas, a que mora longe e desmaia em banheiros alheios. Tem a que dorme depois de beber à tarde, a que xinga de uma forma nada hostil a vaca do trânsito, a que não consegue abrir os olhos enquanto ri. Tem a que é pega no flagra pelo pai, a que perde qualquer coisa que esteja ao alcance (ou não), a que não se permite enfiar o pé na jaca nunca. Tem a que tem cara de fresca, mas gosta de acampar, tem a que toma cerveja na praia e continua com a barriga chapada, tem a que fica com três vizinhos ao mesmo tempo. Tem a que dorme na porta da igreja, a que canta em cima do balcão da padaria, a que se apaixona no carnaval e a que foge do cara se escondendo dentro do banheiro. Tem a que acha que a palavra “prepara” é sobrenome de todos os participantes do rodeio, a que manda o presunto fritar e a que grita “volta pro pão carne loucaaaa”. Tem a que dirige se maquiando, tem a que quer ser artista mas não sabe pintar e tem a que cai invadindo quatros alheios em hotel. Tem a que não dorme aos finais de semana, a que não fala com estranhos e que fala com qualquer pessoa, nem que seja para ouvir elogios à calça. Uma chora vendo filme, a outra chora lendo livro, tem a que chora vendo choro. Em comum? TUDO. E sim, faz todo sentido.
AD INFINITUM. AMO VOCÊS.