terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ele, o outro, mais um e tantos mais

Ele, apesar de ser tudo que eu pedi a Deus, tem namorada. Não é fiel, mas tem um olhar que compensa tudo. Não tem ambição, não tem sonhos, mas tem uma barriga que me desnorteia. Ele não consegue ser pontual nunca, demora mais do que eu para se arrumar, mas quando me pergunta o que eu gosto em um homem, perco a fala e tento por segundos pensar em algo que ele não seja, para dar uma disfarçada. Ele não quer sair da casa dos pais, gasta fortuna com balada, mas quando pega na minha mão...“quem precisa ser racional aqui mesmo?”. Tá fora de forma, bebe muito, fuma um cigarro fedido e me provoca só quando eu não posso. Tem problema com ex namorada, ex mulher, ex vizinha. Ele é problemático e eu, na minha simplicidade irritante, me perco. Cheio de manias, é inseguro e comete uns erros de português que nunca ouvi nem do meu sobrinho de dois anos. Superficial, não gosta de ler e lojas de roupa ocupam grande parte da fatura do cartão de crédito. Ele não quer nada com a vida, tem alergia a relacionamento sério, síndrome de Peter Pan, e juro, não o imagino dividindo a vida, com direito a rachar alegrias, a escola das crianças e o dinheiro do supermercado. Tem dias que ele resolve ser grosso com o porteiro, olhar feio para o cara da padaria e ai de mim se falo que ninguém tem nada a vê com um mau humor descabido. Ele não tem a genética que eu quero para os meus filhos, já está nos “inta” e, mesmo assim, tem uma lista de realizações que não comporta uma pessoa ao lado, mesmo que essa pessoa seja tipo, toposimpqnão.

Não, o texto não é somente uma pessoa. É sobre várias. Vai ver que é por isso que eu continuo dormindo na diagonal, numa enorme cama de casal.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

De onde eu sou e pra onde eu vou?

Minhas raízes sempre foram brasileiras. E não só a do cabelo, que puxa pro afro e não nega o país. Eu falo de raiz mesmo, aquela fincada no chão. Mais do que brasileira, minhas raízes eram santistas. Elas nasceram no jardim da praia, foram criadas com os pés no mar, tinham características suburbanas. Aí veio a necessidade profissional, aquela vontade de crescer e, para isso, um pedacinho dessa força que não queria por nada sair do chão, teve que ser cortada. A raiz ficou meio capenga por um tempo, o corpo balançou pra um lado, quase despencou por diversas vezes. Mas, no fim das contas, acabou aceitando o destino e resolveu bandear pro lado de São Paulo. Pronto, problemas resolvidos.

Dividida entre o verde de Santos e o cinza de Sampa, ela estava feliz. Tinha a convicção de que era perfeitamente possível uma vida 5X2, dupla mesmo, de dias de semana cheios de trabalho na Capital e findis relaxs na Baixada. Vez ou outro andava por aí, mas não cambaleava mais. Estava fixa, forte, sabia que podia ir e vir, mas o destino final era ali, no 964 da Girassol ou no prédio em frente a Esquina da Esfiha. Os domingos continuavam difíceis, não por anteceder mais uma semana de árdua ralação e sim, por deixar para trás um colo bom, uma sopa de legumes e uma (ou duas) casas que são verdadeiramente lares.

Agora, de uns tempos pra cá, essa história ficou ainda mais complexa. Depois de passar um tempo fincada no Canadá (porque, sim, apesar de ser só um mês lá esteve presente o corpo, a alma, a raiz e tudo mais que possa existir) a situação mudou. Aquele papo de “meus filhos vão ser criados aonde eu fui”, ficou ligeiramente distante. Entre o conforto do lar e a certeza de um lugar em que tudo é melhor, fica uma raiz. Aquela mesma. Porém, agora, solta, perdida, sem saber se deve grudar no solo ou tentar vôos mais distantes e longos.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

ELE!

Depois de ter feito tudo certo durante todo o tempo, eu não esperava outra coisa que não a atitude mais linda do mundo. Ele fala exatamente o que eu precisava escutar, segura na minha mão e me olha fundo. Especialmente especial (dane-se a redundância!). Ele é meio louco, meio racional, meio emotivo demais. Ele é meio tudo e ao invés de eu me anular diante desta situação, eu me encho mais para me equiparar. Aquela história de dois em um, de metade da laranja, não rola aqui. Eu tento crescer, me estufo, encho meu peito de coisas boas só para chegar perto dele. Eu sei lá qual é o sentimento que eu tenho. Não é admiração, afinal, o jeito que ele leva a vida, fingindo que nada é com ele (ou que tudo é com ele?) me irrita. Mas, ao mesmo tempo, eu acho lindo o jeito que ele escolhe o vinho no Pão de Açúcar. Fico olhando meio boba, com cara de aluna da terceira série. Ele me orgulha, é um profissional daqueles que te estimulam a ser melhor, embora nem sempre coloque toda a brilhante carreira nos planos imediatos de vida. Quem mais senta comigo na padaria da esquina e toma a “última” antes de ir pra casa? Ele é escorpião, leão, touro, câncer ou libra. Ele tem um monte de jeito, se veste engraçado, usa o cabelo de um jeito que eu elegeria como o pior do mundo, acha que manda em mim quando fala um tom mais alto do normal, toma cerveja de um jeito engraçado e não come sushi com shoyo (coincidência?).

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Quando eu quis escrever um livro

Título
Sua (é você aí) irmã siamesa.
Agora meu pai vai saber que eu transo.

Apresentação

Na dúvida entre casar e comprar uma bicicleta, eu resolvi arriscar um livro já que, pelo menos assim, a minha integridade física e mental permaneceriam intactas. Era uma noite de terça-feira, eu tomava vinho em casa, sentada em um tapete felpudo de uma sala cheia de gente tão louca quanto eu. Perguntaram onde eu estava publicando meus textos, aqueles nos quais eu contava a minha vida inteira. Eu retruquei. Disse que eram personagens. Todos riram. Sabiam de cor as minhas histórias que eu não fazia questão de esconder nem na fila do supermercado (quem dirá no metrô!). Quando descobri que não era mais segredo para ninguém, resolvi escrever. Foi difícil começar, eu tenho manias chatas, leio de trás pra frente (e de cima pra baixo) e não sei escrever uma palavra sem colocar o entrelinhas 1,5 (salve Word). Aos poucos foi tomando forma.
Este livro não tem personagens, não tem estórias (com “e” mesmo, do jeito que aprendi na escola). Cada folha aqui tem vida. E tem datas. Totalmente proposital para que cada um dos envolvidos na minha loucura identifique as histórias (agora com h mesmo).
É isso. Eu sou eu, eu sou você, eu sou o casal que tava se pegando hoje no seu caminho trabalho-casa. Eu sou qualquer um. Mas sou a partir de mim. A partir de uma personalidade geminiana com mais de mil facetas.
PS. Se um dia eu realmente for escrever um livro, crio outra apresentação (tão louca quanto).

sábado, 7 de agosto de 2010

Preguiça de gente

Sempre tive mania de gente. Pego táxi só para ouvi conversas que não escutaria em uma mesa de bar. Falo com a pessoa que está na minha frente na fila do banco. Troco segredos no banheiro com gente que nunca mais vou ver na vida. Sou do tipo que vira amiga na primeira semana. Confio intensamente. Às vezes, gosto de frequentar lugares inusitados, para descobrir figuras de roupa estranha, maquiagem forte demais, mas que tem um papo bom e uma história diferente dos locais de samba no pé.

Mas, com o perdão da palavra, estou com preguiça do mundo. Ando com sono demais, sem vontade de ser legal. Historias que duram mais de dois minutos tiram minha paciência. Não tenho tido saco de ouvir, de dar conselhos, de mostrar que sim, a vida vela a pena seu reclamãochatopracaralho. Estou cansada das frases repetidas sem critério, do foco que não muda, das palavras decoradas por uma falta incrível de novidades em uma vida monótona e sem graça.

O problema deve ser meu. Devo estar ficando velha. Vai ver que bateu o relógio biológico (sim, assunto para um próximo texto) e a minha atenção está estritamente voltada a seres com menos de dois anos. Por isso, gente, suplico paciência com a minha pessoa. Entendam caso eu não queira colocar os pés fora do meu lar. Não me julguem quando eu gritar que preciso ficar quieta. Eu juro, que assim como todas as outras fases, essa há de passar. Eu vou voltar a amar gente. Como sempre foi.

sábado, 5 de junho de 2010

Ei...

Você. Será que só por hoje eu posso te pedir ajuda? Queria que você me protegesse daquele olhar esquisito, daquele sorrisinho meio safado, que mostra que quer me comer. Eu queria te implorar amor, embora eu não possa. Sei, que por mais que eu queira, não existe aquele negócio de pedir carinho. Não rola um "vamos sair pra comer, depois você passa, dá um oi pra minha mãe e a gente dorme junto, até a hora que a conchinha cansar"? Será que só hoje você podia não achar esquisito um pedido formal ou um ato apaixonado? Será que rola me agradar durante horas, fingindo que acha normal certos atos malucos de quem não tem nada tão valioso quanto o que está ao lado. Amor não se pede, mas tem como pegar na minha mão e perguntar qual seria a parcela mínima para comprar aquele apartamento que a gente viu enquanto andava na praia? Eu sou tão mais simples do que você imagina. Você é tão mais complicado do que eu queria que fosse.

Ps. Inferno astral. Ou você acaba, ou eu acabo com você!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Calma, é só uma fase (de novo, não!).




Foi bem ruim olhar pro lado e não ver ninguém quando acharam um parafuso no pneu do meu carro. Tem momentos que é um saco estar sozinha, principalmente quando você não sabe nem aonde fica o macaco (?!?!) no porta-malas. No mesmo dia, um pouco antes, eu tive uma vontade imensa de andar de mãos dadas e de ter alguém segurando na minha cintura, no caminho até o banheiro da balada. Definitivamente, tem dias que cansa estar solteira. E não é só na hora de carregar a mala pesada, pode acreditar.

Eu sou bem-resolvida e não ligo de ir ao cinema em companhia somente da pipoca, porém, quando isso passa a rotineiro, vira um porre. Faz falta ter alguém para apertar a perna. Para abraçar com força. Para chorar no ombro. E para rir em sintonia. Faz falta também ter com quem sentar junto, dividir a porção e a garrafa de vinho. Estar sozinha, quando deixa de ser opção, passa a ser triste.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Posso contar meus pesadelos e até minhas coisas fúteis

Hoje faz seis anos que eu tenho sobre o que escrever quando dá preguiça de medir palavras. Tem dias que acordo sem vontade de ser racional. Pulo da cama com o coração para fora, brega o suficiente para escutar Alcione no trânsito. E é ele, sempre ele, que me salva nessas horas. Meses sem publicar nada, escondendo textos safados nos documentos pessoais do computador da empresa. Mas com ele não preciso. Posso jogar palavras cafonas, que tudo cai bem. E posso, ainda, ser brega, intensa, esquisita, chata, louca e pervertida. Perto dele eu me permito, simplesmente, ser.
Ele não é meu namorado, mas também tá longe de ser um amigo. Não é meu irmão, primo, sobrinho. Eu não sei o que ele é meu. E quer saber? Isso é o que menos importa. O que sei é que há 2.250 dias eu tenho um e-mail de bom dia na caixa de entrada ou uma mensagem engraçadinha no meu celular. E isso faz os meus dias mais coloridos e fáceis. Ele me permite ser chata e mimada e louca e ter uma TPM que assusta meio mundo. Eu idem. Nós exercemos o real sentido da palavra “aguentar” (com maestria e boa vontade)
Eu não ligo para o que os outros falam ou pensam. Quero que se dane a opinião de quem me julga certa ou errada. Para mim, o que vale mesmo, é a segurança de ter alguém que volta mesmo quando eu faço/falo as maiores barbaridades do mundo. Não por ele ser legal demais, mas sim porque nós nos sabemos e, junto com toda a torcida do Santos (ele me mataria se eu citasse outro time), temos a convicção de que esse nosso amor é meio louco, meio fora da realidade, meio sem pé nem cabeça, mas é puro pra caralho!
*Obrigada, penta*

terça-feira, 16 de março de 2010

Odeio ser adulta!

Talvez eu tenha sumido por estar trabalhando demais. Talvez seja porque de tanto treinar acabei acostumando a ficar sem ninguém, o que tira as palavras bonitas dos textos (mil) que começaram e ficaram pela metade. Mas a verdade, a verdade mesmo, é que ando preocupada com coisas de gente grande e essas coisas, que deveriam acontecer só depois que você tivesse alguém pra dividir a cama e os problemas, estão tomando um tempo bastante significativo da minha vida. Se fosse só a proprietária pedindo o apartamento, ok. Se fosse só a falta de dinheiro para alugar um melhor, ok também. Se fosse só o cliente que dá problema ou o chefe que manda e-mails obscuros, eu me virava. A saudade de casa, a dor de garganta, o chuveiro queimado, a TV que não liga mais, a falta de geladeira e fogão, para tudo isso eu dava um jeito. O negócio ficou feio porque aconteceu tudo junto. E, sinceramente, eu não aprendi a ser forte no mesmo dia que aprendi a fazer arroz.

Precisava de uma varinha mágica, que soltasse um brilho bem colorido e deixasse as coisas mais leves. Queria uma praia, com o Q.I zerado e um mar que dói de tão lindo. Queria que cada palavra deste texto carregasse um pouco da minha preocupação para ver se assim, as coisas ficavam mais fáceis. Mas não, o jeito é encarar de frente, com o nariz empinado, fingindo que aprendi a ser adulta na apostila do 3º colegial. É claro que meu otimismo continua aqui e que sei que as coisas vão dar certo, mas já queria comprar as minhas coisinhas fúteis (porque estou pobre, mas nem por isso deixo de precisar muito de um saleiro da Imaginarium) e comemorar com uma cerveja no apartamento 25, da Girassol.

Sim, obrigada pelas palavras. Eu também acredito, juro.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

vouescrevervouescrevervouescrever!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Quem disse que o ano começa depois do carnaval?

Sumida, eu sei. Dezenas de textos sem continuação, palavras interrompidas pela intensidade dos minutos. Tudo tão louco, cara.

O que eu tenho a dizer é que 2010 promete. Começou quente, cheio de concretizações. Ano regido por Vênus, vermelho, feminino. Ano de ascensão profissional, de vida paulistana agitada e de calcinha cor de rosa. Ano de muito trabalho, muita viagem. Ano do muito, do diferente, do nunca antes experimentado (ui!). Mais parque do que praia, mais dia do que noite, mais sim do que não. Doze meses para aprender inglês de uma vez por todas, para participar de três corridas de rua e duas de aventura, para rever aqueles amigos de dez anos atrás.

Ano, com o perdão do trocadilho, que nasceu para ser dez. Que chegou com a corda toda. Que estourou felicidade junto com a champagne no Reveillion. Ano que vai dar trégua de paz depois de muita guerra e desastres naturais e que, com isso, vai encher de fé quem já não acredita mais na luz que guia o mundo.

Cor, energia, yoga, mais corrida, mais suco do que cerveja (de novo, de novo). Mais amigos novos, mais reciprocidade. Ano de encerrar ciclos e começar tantos outros. Ano, sim, de renovar e de mostrar à vida que somos capaz de alcançá-la, de superá-la, de abraçá-la com força.

Que fuja do planejado, que saia da rotina e que a vida simplesmente aconteça, assim, de repente.