sexta-feira, 27 de novembro de 2009

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Por muito tempo ela soube como controlar e como respirar de uma maneira que não a fizesse explodir. Por alguns anos ela quis somente estar, sem pensar que para estar era preciso ser. Ela não precisava de nada além daquilo, de nada que estivesse além dos corpos óbvios e conectados por algo que nunca lhes faltou. Não precisava do mais, do plus, do surpreendente. Hoje, ao enxergar a vida de um jeito ensinado pelo pai, um jeito que não se satisfaz com pouco e nem com apenas o já esperado, viu que o que é oferecido não é o bastante. E isso não é culpa de ninguém, a não ser dela mesmo. Esperar de qualquer pessoa algo que não esteja inerente a uma personalidade deliciosamente peculiar, é realmente um desacato. Sem ironia na voz, note, ela está serena. Somente incomodada por ter percebido que é fundamental ter a trufa e não somente a barra de chocolate meio-amargo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Alma-do

Se ele não fosse meu irmão, meu amor, meu Gui, meu guru, meu Bê, meu lado bom. Se ele não fosse minha melhor bagunça, minha paz, minha certeza, minha inspiração, minha vontade, minha decisão. Se ele não fosse meu carinho, meu bicho papão ao contrário, meu cheirinho, meu abraço forte. Se não fosse a minha sorte, a minha loucura desvairada. Se não fosse o meu filho emprestado, o meu menino mais lindo do mundo. Se ele não fosse nada disso, ele seria meu anjo da guarda.

Sábado é aniversário da pessoa que faz o meu olhar ficar melhor.

(Meu pequeno, faz nove anos que eu descobri como que é amar um filho, mesmo sem ter um).

Parabéns, Bê. Que você seja feliz do jeito que só você sabe ser.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Pelo Francisco...

Acabei de ler um blog que realmente mexeu comigo. Definitivamente não é difícil me fazer chorar. Inclusive, só hoje já chorei duas vezes e, a primeira, foi assistindo a festa de 10 anos do Mais Você. Me emociono com coisas pequenas. Palavras, músicas, brigas, abraços, olhares, toque, homenagem, verso, prosa, criança, família, amigos.
Choro com a fome, mas também com o final da novela. Fico triste com violência, mas também com um filme água com açúcar. Criança na rua tira a minha fome, mas uma crônica bem escrita, também. Enfim, o que eu to querendo dizer é que é fácil fazer o meu coração entortar.
Mas, hoje especialmente, ele fugiu do meu controle. Li um blog escrito por uma mãe. Sim, uma mãe, igual a minha e a de todos nós. Porém, ela, ao contrário das nossas, passa por uma barra incomum. Perdeu o marido quando estava grávida de sete meses do primeiro filho. O blog tem por objetivo fazer com que o pequeno conheça o pai, que ele perdeu pouco antes de nascer. A mulher escreve excepcionalmente bem, sem drama, sem choramingos. Lindo de ver.
As palavras dela me fizeram pensar em tudo que eu tenho deixado de falar, de mostrar. Eu realmente tento não deixar vácuos de sentimentos, prefiro a clareza ao orgulho, a franqueza ao medo de perder por ter escancarado. Portanto, quero dizer aqui hoje, que eu realmente sinto. Sinto por dentro, por fora, de dentro e de fora. Sinto pelos poros, pela pele.
Sem brigas por hoje (é, é com você). Para que mesmo a gente perde esse tempo sabendo que amanhã vai estar tudo bem? E se, no meio do caminho entre uma palavra grossa e outra mal interpretada, surge um imprevisto (três vezes na madeira, mas...)? Já pensou em todo o tempo que a gente vai ter perdido, usando a nossa história como bomba atômica? A minha vontade é de te sacudir e falar “se toca, só você pode virar o seu mundo pro lado certo”.
E você, pai, mãe, irmãos...por que mesmo a gente não se fala um eu te amo todos os dias? Por que a gente briga pela luz acesa do quarto, pela louça suja na pia, pela roupa que não queríamos emprestar? Viva os meus domingos acordando às 10h da manhã, depois de ter dormido às 6h. Dá-lhe grudinho com papai, irmão e sobrinho.
Meninas, a minha intensidade é de vocês. Algo falta entre a gente? Conseguimos falar “te amo” a cada troca de e-mail, de mensagem no orkut, em final de ligação. E sim, nós sabemos que eu te amo não é bom dia.
Este texto enorme, nada poético e cheio de coisas que precisamos vamos cumprir, é apenas para dizer que o http://parafrancisco.blogspot.com, merece ser lido. Mas, em tempo: quando não tiver ninguém por perto, ninguém que não possa te ver chorando. A história é linda, mas, mais lindo ainda, é tomar a consciência de que as coisas devem ser declaradas, escancaradas, sem medo, sem depois, sem amanhã.
Deixa o coração pular pra fora. Ele merece andar por onde bem entende.