sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O motivo da covinha...

Se me perguntassem agora o que ou quem me faz sentir mais saudade, eu diria que é dos tempos de escola. Ontem era do meu irmão. Amanhã, certamente, vai ser da cama da minha mãe, da mousse da tia Ana, do peixe com alecrim que só meu pai sabe fazer, de uma amiga que foi ser feliz na Suíça. A saudade não tem regra. Ela vem, vai embora, deixa rastro, é morta de vez, fica pra sempre. Seja como for, ela pode doer mais do que bater o dedinho na porta do armário e pode, na mesma intensidade, ser tão gostosa quanto o 1º abraço do ano.

Eu tenho saudade da dúvida do que prestar no vestibular, do cheiro da casa que eu morava quando era criança, da brincadeira de amarelinha da casa da tia Lélia. Sinto uma falta incrível da época da piscina do clube, das aulas de patinação, dos braços quebrados depois da queimada na escola. Tenho saudades recentes também. Saudade daquele trabalho que foi feito com tanto, mas tanto prazer que nem pareceu obrigação. Saudade do almoço da Enilde, do macarrão com brócolis da Marcela, da sopinha de legumes da minha mãe. Saudade de conversar com a Andréa olhando para o mar no Estrela. Saudade da faculdade e da deliciosa tensão por não saber que rumo tomaria a vida.

Sinto falta de uma blusa que eu perdi, do cheiro do perfume de um ex-namorado, de comer pizza no café da manhã. Saudade da minha irmã que mora longe, saudade da época em que a Austrália era só um país longe e não o destino de todos os brasileiros que querem ganhar dinheiro (em especial, os meus amigos). Saudade da época que eu não precisava de maquiagem, que eu não precisava de blusa larga, que eu não precisava de escova progressiva. Saudade de ficar na porta do shopping depois da escola, de almoçar no Mc’Donald. Saudade de não me preocupar com a taxa de gordura do nuggets. Saudade de Londres e da época de estágio. Saudade da festa de formatura e de ver no olhar do meu pai, o brilho do universo.

Eu vivo mesmo. Tudo. De A a Z. De 1 a 10. De segunda a segunda. Vivo para realmente sentir saudade. Dos tempos que foram tão bem aproveitados que deixaram marcas que ficam pra sempre. Eu tenho uma de estimação: do lado esquerdo do rosto. Tem gente que fala que é covinha. Eu acredito mesmo que furou, por excesso de risada.

Viva. E bom fim de semana. Matem a danada da saudade.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sem fim

Ele apareceu quando eu estava querendo sumir. Me deu bom dia e falou que estava com saudade de ouvir minha voz. Eu fingi que não acreditei e ele apostou uma barra de chocolate que conseguiria me provar. Eu disse que estava de regime. Ele disse que eu fico linda de qualquer jeito. Eu ri sem graça. Ele disse que adora a minha risada. Eu fiquei confusa. Quem mandou aparecer bem agora que eu tinha decidido que viraria o ano de calcinha rosa para atrair alguém normal em 2009?

Ele me chamou pra sair, pra jantar naquele restaurante rústico que a gente foi num sábado qualquer. Eu recusei uma vez. Aí ele disse que poderíamos ser amigos, que gosta da minha companhia, que a gente se dá bem de qualquer jeito, que ele prometia se comportar. Eu fingi que acreditei. Ele se deu por satisfeito.

Chegou na minha casa. Eu entrei no carro e dei um beijo no rosto (não queria ser meu amigo?). Quando desci, andei na frente, com os braços cruzados. Ele me olhou estranho (e lindo), perguntou se era tática pra ele não pegar na minha mão. Eu disse que romantismo não combinava com o nosso estado civil. Ele riu. Disse que some só para me deixar com mais saudade. Eu tive vontade de pular no pescoço dele e encarnar a Tequila (minha gatinha – e da colônia – de três meses).

Comemos e eu me segurei para não pedir nada alcoólico já que homem acha que uma dose de saquê é o suficiente para deixar a mulher mole e fácil. Não ia dar correr o risco. Eu sabia bem que qualquer tentativa traria um resultado positivo (dele pra mim, minha pra ele, não sei bem). Falamos de trabalho, viagem e discutimos a crise mundial. Ele me chamou de inteligente. Eu falei que ele também era. Ele perguntou se meus amigos estavam bem (ponto fraco, ponto fraco) e perguntei se ele teria férias coletivas (é sempre bom voltar para assunto chato quando as pernas amolecem). Ele pegou na minha mão e pediu para eu chegar com a cadeira mais perto. Eu quase saí correndo. De mim.

Preciso falar o fim da história?

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Quando não sei o que quero comer, como tudo. Faço o mesmo com as palavras

Eu não tenho um centavo guardado. Não comprei um carro e nem investi em ações (neste momento, ainda bem!). Não tenho cartão de crédito, não tenho limite na minha conta e, todo primeiro dia do mês, tenho vontade de matar quem inventou que salário deve ser depositado no quinto dia útil.

Aí me pego pensando: O que eu espero da minha vida para os próximos cinco anos?

Me formei para trabalhar com o que eu gosto. Tenho prazer em escrever. Mania louca de me comunicar. Acredito plenamente que o sucesso de qualquer coisa/pessoa/lugar está na forma como passa mensagens. Adoro o corpo a corpo (uiii), enxergo a sutileza como o caminho universal e o sorriso como o maior “abre” portas que já inventaram. A minha profissão não dá dinheiro, não dá status (porque além de jornalista, eu escolhi ser assessora de imprensa, quem pode com tamanha u-1000-dade?), mas me dá um orgulho que não cabe em mim. Como orgulho não enche barriga, às vezes me pego pensando se a escolha foi certa. Mas isso é um outro capítulo.

Hoje tive vontade de pegar um avião e ir pra Santa Catarina ser voluntária. Queria abrir a barraca da solidariedade corporal. Tudo de graça. Um monte de produto. Tem colo aquiiii, senhora. Abraço, mãe que perdeu o filho? Tem um bem apertado, venha. Cafuné, criança? Tem duas mãos que adoram fazer isso de graça. Veeem, senhor, eu tenho a palavra que você precisa. Amor, assim como o jornalismo, também não enche barriga, mas, hoje, especialmente hoje, eu engordaria uns 10 quilos só de satisfação se realizasse essa vontade.

Vocês já perceberam há quanto tempo eu não escrevo sobre homens nesse blog. Pois é, odeio coração vazio. A minha inspiração vaaaai embora junto com o dinheiro da minha conta que é gasto em 49 bares/baladas/lugarescheiosebarulhentos por mês. Decidi: vou parar. Descobri: pra isso, tenho que ser chata. Decidi de novo: vou me empenhar. Quer ver? Amoooooor, me mima e pára de falar com os seus amigos AGORA? Não, hoje não, minha cabeça ta doendo tanto. Sai, pra que ficar tão perto. Não, você não vai sair com os teus amigos. Ah, quer ficar? Ok, me dá a chave do carro que eu vou dormir lá. E aí, algum candidato para 2009? Nada de esperar carnaval, eu quero dia 2 de janeiro, sexta-feira mesmo. Preciso de ins-piração.

Chega de assuntos, afinal, eu sou chata e adoro interromper conversas. Vou me empenhar. Vou pra Santa Catarina. Vou guardar dinheiro. Vou ser feliiiiiiiiiiiiizz e já volto, antes de cinco anos (prometo, prometo!).

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Quase defeito da varinha de pilipipim

Engraçado como as coisas são. Eu sempre gostei de ficar sozinha. Considero minha companhia é ótima. Não tenho um pingo de medo da solidão, talvez porque no fundo eu nunca tenha conhecido o sentido literal da palavra. Sempre foi muito fácil. Adorava andar de calcinha pela casa vazia, mas, se começasse a chover com aquele vento que sacudia a porta da varanda, eu ligava pro celular da minha mãe e acionava a suuuper cia. Depois que eu saí de casa e resolvi morar com três loucas (amadas por demais, diga-se de passagem) sinto uma paz incrível quando chego do trabalho e não tem ninguém no 1002 da Callia. Mas, é escutar o barulhinho da chave na porta, que eu abro um sorrisão (e uma cerveja, claro) e me sinto a mulher mais completa do mundo por ter tanta gente perto de mim.

Aí me mandam viajar a trabalho. Eu vou feliz da vida. Dez dias sozinha num quarto de hotel. Isso significa que vou poder dormir pelada, tomar sorvete deitada na cama, dançar enquanto me troco. Ótimo. Fantástico. Entro no meu quarto, junto as duas camas de solteiro (oba, oba, oba!) e me esparramo. Vou ligar para o meu pai e contar que a vista enjoa de tão linda. Chamando. Opa, não completou? Como assim? Cadê o sinal do eu celular? Calma, vamos perto da janela, coloca o aparelho pra fora. Vai pauzinho, sobe, sobe. Essa merda realmente não tem sinal. Como eu vou viver sem poder contar para ninguém que o meu frigobar ta cheio de cerveja, que nem o do nosso carnaval? Ok, ainda me resta a internet. Claro, eu trouxe o modem da Claro. Como não tinha pensado nisso antes? Posso entrar no MSN e falar com todo mundo ao mesmo tempo. Atualizando lista de rede. Conectando, conectando, conectando. Falha. Ahhhhhhh não. Eu estou fora do mundo. É isso? Quero voltar para São Paulo agora. Socorro. Pára o mundo que eu quero subir.

Depois de todas as tentativas, deito, pego o telefone do quarto (foda-se a conta, eu preciso me comunicar) e ligo uma, duas, três vezes para o DDD 013. Respiro aliviada. Não, eu não estou sozinha. Acionei a varinha de pilimpimpim e vieram abraços virtuais. Ufa. Adoro a solidão que eu inventei para minha vida. Essa solidão de mentira, típica de pessoas mimadas (siim, eu confesso) que tem o mundo ao redor e só precisa da solidão como opção.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Desculpem, mas eu sou normal (aindabem!).

A culpa não era do senhor que não tirava o carrinho de supermercado do meio do corredor de sucos. A culpa não era do salto alto que estava me machucando, nem do metrô cheio gente com olheiras de cansaço porque, assim como eu, estava saindo às 9 horas da noite do trabalho. A culpa não era nem da minha tpm e muito menos do único dia que eu fico nervosa no mês. A culpa era estritamente do mau humor do mundo. Eu odeio mau humor. E eu odeio mais ainda o mundo quando alguém do meu lado está de mau humor.

Se tem uma coisa que me deixa realmente irritada é baixo astral. Eu gosto de sorrisos, de leveza, de gente que acredita que as coisas vão dar certo. Eu sou daquelas otimistas natas, que não sabe pensar em plano B porque sabe que o A vai acabar do jeito planejado. Não suporto processos, planilhas, andamentos. Eu gosto de visualizar o fim e produzir com este objetivo. Eu odeio burocracias desnecessárias tanto quanto eu odeio mau humor e tanto quanto eu odeio chegar em casa com dores descomunais no pé e lembrar que tinha uma havaianna na bolsa (não tenho guarda-chuva, mas havaianna não pode faltar).

Tudo isso eu estou escrevendo para justificar a minha cara feia de hoje. Para provar para mim mesma que eu não estou sendo contaminada por pessoas que não foram ao circo quando eram crianças (e não tem amigos.e não tomam cerveja.e desconhecem a f-e-l-i-c-i-d-a-d-e). Quer saber? Eu queria mandar todas essas pessoas à merda. Mas eles são tão, mas tão chatos que é bem possível que eles conheçam e já sejam adeptos deste local.

Amanhã eu vou acordar linda, loira, calma e revigorada (é por isso que eu amo morar com três mulheres que me fazem rir, falar besteira e comer penne ao molho branco numa quarta-feira). Vou começar do zero. Porque eu, ao contrário das pessoas desprovidas de brilho no olhar, sei ser feliz todos os dias, cada minuto e acredito, sinceramente, que cada segundo dos “meios” é um desperdício de serotonina.

Eu, com toda certeza, to longe de plástica para rugas. Cirurgia aqui só umas 200 ml em cada lado (não da bochecha, claro).

Alguém aí duvida que a leveza é o ingrediente mais especial da receita da vida boa?

domingo, 19 de outubro de 2008

A gente pode (ha ha ha!)

Eu tinha uma hora dentro do ônibus Santos-São Paulo. Era domingo à noite e eu pensava em quanto seria bom ter alguém pra me pegar na rodoviária e me levar pra jantar, depois subir com a minha mala pesada e colocar no meu quarto, em cima da minha cama de edredom roxo.

Como teria sessenta minutos livres, resolvi listar (já que não tinha que ocupar meu tempo passando blush para descer bela do ônibus) tudo que pode me fazer tão bem quanto ter um cobertor de orelha nessa noite chuvosa da Capital.

Falando em chuva, dormir com o barulho da água caindo é fantástico. Sambar horrores e tomar um milk-shake depois da balada, faz um bem enorme. Misturar vinho branco com água de bolinhas, viajar sem celular, férias de um mês, roupa nova e dançar sozinha em casa escutando Maria Rita são coisas que dão aquela chacoalhada no coração.

Passar uma tarde na Livraria da Vila faz a minha gastrite ir para longe, assim como meditar fazendo ioga na praia. Massagem no pé, chocolate no frio e cerveja gelada no calor são quesitos fundamentais na minha listinha. Receber um elogio. Sair da havaianna. Dormir na rede. Ter muitos amigos por perto. Achar dinheiro no bolso de uma calça do verão passado. Escorregar na espuma junto com uma criança de cinco anos. Se enrolar num cobertor quente e assistir filme meloso.

Chegar em casa e tirar o sapato para ninguém escutar os passos da sua irresponsabilidade numa quarta-feira qualquer. Carnaval. Água de coco. Emprego novo. Bolinha de queijo de festa de criança. Gastar o salário inteiro e sair linda depois. Sentar num restaurante charmoso no sábado de tarde e pedir uma caipirinha de sakê com kiwi, fazendo cara de mulher independente. Ter vergonha (e subir fazendo cara de criança sapeca) de o porteiro perceber que cada fim de semana é um carro diferente que te deixa na porta no prédio.

A lista é grande e eu prefiro pensar que essas coisas boas são benefícios exclusivos da mulher que está – temporariamente – solteira. A gente merece (recompensa do peso da mala no metrô e de muito, muito mais).

Quer saber? Adoro milk-shake depois da balada mesmo.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Que pretensão a sua...

Ontem eu quase deixei escapar um “lindo” no final de uma frase normal. Depois, na hora de dar tchau no telefone, por muito pouco não falei um “te amo, tá?”, depois que você falou para eu dormir com os anjinhos. Quase falei como se eu fosse alguma coisa sua, como se eu pensasse em você o dia inteiro. Que besteira! Eu, pensando em você o dia inteiro? Nem se estivesse louca.
Agora eu trabalho na Paulista, vejo um homem mais bonito e interessante que você a cada dez metros, tenho ambições e planejo um futuro bem diferente do que você quer ter. Tenho a minha vida inteirinha programada. Trabalhar muito, viajar pelo menos para metade dos destinos que escolhi nos próximos cinco anos, passar quinze dias meditando sozinha na Índia, guardar dinheiro o suficiente para comprar e decorar um apartamento com a porta verde para atrair prosperidade, abrir uma empresa que atue somente no que eu acredito, ganhar bastante para fazer doações, ter meu carro e uma barriga de tanquinho. Ufa. Acho que depois de tudo isso eu caso e tenho os três filhos que a gente planejou. Ops, a gente? Olha eu aqui de novo pensando como se eu ainda fosse alguma coisa sua.
Não, não é você. O meu futuro marido vai me fazer rir todos os dias, vai comer besteira tomando cerveja nos fins de semana (mas vai me levar à força para a academia toda terça e quinta), vai entender as minhas loucuras de meditação e yoga, vai levar as crianças para passear na praia e vai de sujar tanto de areia que vai ficar mais infantil que eles, vai gostar de ler, de escrever, de viajar e de comida japonesa. Vai ser criativo, inteligente, estudioso, ambicioso e vai sonhar em montar uma pousada no sul da Bahia. Ah, se tiver olhos lindos, cabelo escuro e uma boa estatura, eu agradeço. Não é por nada não, estou pensando estritamente na genética que quero para o Theo, pra Laura e pra Giulia. Os nomes? Coincidência também. Pura coincidência.
Mas não, não é você não. De onde você tirou isso?

domingo, 12 de outubro de 2008

Racionalizando o meu lado mais irracional...

Tudo estranho. Uma sensação de tempo perdido. Uma vontade de virar adulta assim, sem mais nem menos. Paro e penso o que eu tenho hoje. Nada de dinheiro, nada guardado e um sentimento podre, que já envelheceu tanto que atrofiou o que ainda restava de coração. Hoje na meditação pensei num símbolo para a minha cura. Podia pensar em qualquer coisa, no que viesse a cabeça. Veio um elo ao meio, uma corrente arrebentada. Ao passar pelos chacras o elo ia mudando de cor, ora azul, ora laranja, ora branco. O lado esquerdo ok, ia conforme o meu raciocínio. O direito, meu deus, não mudava por nada. Quase soquei a minha consciência, quis chorar com as minhas interpretações. Percebi que enquanto o lado emocional conseguia racionalizar tudo, o racional, aquele que tinha a obrigação de me obedecer, cismava em tentar juntas as duas partes da corrente. Vai ser teimoso assim na casa do chapéu. Até o coração já entendeu e você faz questão de me contrair para acabar com as minhas esperanças de um dia ter uma vida normal?
E nesse vai e vem de pensamento, me pego imaginando uma vida completamente sem ele. Uma casa minha, com um colchão no chão e umas garrafas de vinho estocadas numa adega charmosa. Enxerguei minha independência e a minha chave em um chaveiro grande e colorido. A única coisa que não consegui enxergar foi ele longe da minha vida. Em cada objetivo traçado, ele estava presente. E, ao contrário do que os chacras diziam, embora no racional eu tentasse afastar, o coração cismava que a felicidade estava ali, firme e forte, no centro do umbigo daquele idiota de sorriso lindo e tiradas inteligentes.
E aí me dá uma vontade de chorar. De gritar. Qual é a solução? Sumir do mapa? Mudar de país? Se eu conseguisse compreender se é o lado direito ou o esquerdo que fode a minha felicidade, tudo ficaria mais fácil. Eu simplesmente jogava ELE (sim, sim , siiiiiiiiiiiim) pra fora, sem dó, sem o sentimento lindo que os dois lados brigam em manter. Confusão filha da puta.
*texto antigo, daqueles que aliviam o coração porque as coisas realmente mudam...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Trocando seis por meia dúzia

No metrô quis dar uma voadora no rapaz que estava na minha frente, só porque ele segurava uma sacolinha cheinha de trufas de R$1 da Cacau Show. Na hora do almoço, quando tomos tremiam com a temperatura quase negativa da Avenida Paulista, eu resolvi tomar um sorvete para ver se congelava o meu coração (enquanto engordava a minha bunda). É falta de sexo, o diabinho gritava na minha cabeça. Sexo? Que coisa mais superficial (olha a voz do anjinho de meia tigela dando o ar da graça). É dor de cotovelo porque o homem briefing sumiu o fim de semana inteiro, quando a programação (na cabeça dessa sem-cabeça) era filme embaixo das cobertas (e mão embaixo da blusa e pé embaixo da barra da calça e boca, ah deixa a imaginação pra lá...e dá-lhe chocolate).
Cheguei em casa no meu primeiro dia de regime (já que agora o objetivo é deixar aquela cara perfeitinha no chão com tanta gostosura) e abri um pacote de bolacha. Depois como a banana tava olhando muito pra mim, resolvi assá-la com açúcar, farinha e canela e comi três pedaços de uma torta sensacional. Para terminar, fiz uma batida antes que o morando estragasse. Essa vida de morar sozinha é quase um suicídio para a boa forma.
A orgia alimentar, culpa de um coração que ressuscitou após anos e anos de quietude, foi o jeito mais burro que eu achei para dar de presente para o meu organismo alguns nutrientes gostosos que andam em falta, sabe? Vou dormir antes que ache mais alguma coisa que esteja para estragar na geladeira e de uma vez por todas, estrague a chance dele me ver linda e magra para colocar AQUELA mão (que era para estar dentro da minha blusa) na cabeça e lançar um puta que o pariuuuuuu, eu perdi.

Eu decreto feriado nacional

Decidi que quero o Dia Internacional do Amor. Pensei nisso tomando banho. Comecei a lembrar dos meus amigos e da família mais linda que o mundo poderia ter me dado. Lembrei de presentes que eu queria dar e coisas que eu queria falar assim, do nada.
Você já abraçou uma amiga e falou para ela que a considerava a pessoa mais iluminada do planeta?Já falou no ouvido do seu pai que sem ele, você não consegue enxergar a famosa luz do fim do túnel? Já mostrou pra sua mãe que mesmo reclamando, você admira mais do que tudo o jeito que ela te critica achando que você ainda tem oito anos? Já mandou um e-mail para um ex-namorado declarando que você tem certeza que o mundo ta cheio de voltas para dar, mas que no final, você sabe que o fim de vocês é em uma casinha linda, cheia de coisas criativas e com uma felicidade transbordante? E a sua irmã sabe que você sente falta dela antes de dormir, quando não tem ninguém do seu lado pedindo para deixar a tv ligada?
Eu tento nunca omitir o que eu sinto. Falo mesmo. Tenho sentimento de sobra. Um amor que não cabe em mim. Mas, mesmo assim, certas vezes acabo escondendo algo. Sei lá porquê. Talvez por falta de oportunidade, de coragem. Aí chega um dia, que nem hoje, que eu me arrependo e quero sair ligando para todo mundo falando que queria estar perto, que queria estar dentro, eu queria estar junto. Chega uma hora que eu quero abraçar o mundo inteiro e deixar meu coração ficar mesmo para fora, durante uma tarde qualquer, bem no meio de todas àquelas pessoas irritantemente especiais.
Por isso decidi, eu quero o Dia do Amor. Feriado Nacional. Dedicação exclusiva ao sentimento mais lindo do planeta. Nada de data comercial. Ninguém precisa de presente material. No Dia do Amor, o mundo vai se abraçar, depois sentar embaixo de uma árvore linda, com cheiro de paz e aí sim tudo vai fazer sentido.
Por favor, Senhor Presidente. Pode sancionar esta lei antes que meu coração exploda?