Se me perguntassem agora o que ou quem me faz sentir mais saudade, eu diria que é dos tempos de escola. Ontem era do meu irmão. Amanhã, certamente, vai ser da cama da minha mãe, da mousse da tia Ana, do peixe com alecrim que só meu pai sabe fazer, de uma amiga que foi ser feliz na Suíça. A saudade não tem regra. Ela vem, vai embora, deixa rastro, é morta de vez, fica pra sempre. Seja como for, ela pode doer mais do que bater o dedinho na porta do armário e pode, na mesma intensidade, ser tão gostosa quanto o 1º abraço do ano.
Eu tenho saudade da dúvida do que prestar no vestibular, do cheiro da casa que eu morava quando era criança, da brincadeira de amarelinha da casa da tia Lélia. Sinto uma falta incrível da época da piscina do clube, das aulas de patinação, dos braços quebrados depois da queimada na escola. Tenho saudades recentes também. Saudade daquele trabalho que foi feito com tanto, mas tanto prazer que nem pareceu obrigação. Saudade do almoço da Enilde, do macarrão com brócolis da Marcela, da sopinha de legumes da minha mãe. Saudade de conversar com a Andréa olhando para o mar no Estrela. Saudade da faculdade e da deliciosa tensão por não saber que rumo tomaria a vida.
Sinto falta de uma blusa que eu perdi, do cheiro do perfume de um ex-namorado, de comer pizza no café da manhã. Saudade da minha irmã que mora longe, saudade da época em que a Austrália era só um país longe e não o destino de todos os brasileiros que querem ganhar dinheiro (em especial, os meus amigos). Saudade da época que eu não precisava de maquiagem, que eu não precisava de blusa larga, que eu não precisava de escova progressiva. Saudade de ficar na porta do shopping depois da escola, de almoçar no Mc’Donald. Saudade de não me preocupar com a taxa de gordura do nuggets. Saudade de Londres e da época de estágio. Saudade da festa de formatura e de ver no olhar do meu pai, o brilho do universo.
Eu vivo mesmo. Tudo. De A a Z. De 1 a 10. De segunda a segunda. Vivo para realmente sentir saudade. Dos tempos que foram tão bem aproveitados que deixaram marcas que ficam pra sempre. Eu tenho uma de estimação: do lado esquerdo do rosto. Tem gente que fala que é covinha. Eu acredito mesmo que furou, por excesso de risada.
Viva. E bom fim de semana. Matem a danada da saudade.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
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