sábado, 16 de abril de 2011

Um texto especial para a Ana

Quem é a Ana? A Ana é aquela moça bonita, que estava na fila do banco essa semana. A Ana é a moça que te atendeu na farmácia, quando cheio de vergonha, você pediu uma pílula do dia seguinte. A Ana estava no salão agora pouco, fazendo as unhas enquanto, ao mesmo tempo, tinha um cara tingindo os fios brancos que teimam em aparecer. A Ana trabalhou muito nos últimos dias, só queria dormir no sábado, mas teve que ir assistir a uma palestra para se atualizar antes que o mundo a atropele. A Ana não sou eu. A Ana não é você. A Ana? A Ana somos nós.

A Ana é a figura da mulher moderna. Aquela, que mesmo morrendo de vontade de deixar o coração para fora e esquecer a maldita racionalidade, obriga-se a ter uma estratégia para não sofrer. A Ana ouviu da Fabiana agora pouco: “Se vê que vai sofrer, cai fora”. E a Ana entendeu que não basta ser mulher, ser fiel, ser legal, ser bonita, ser bem cuidada, ter sonhos, ter ambição, ter amigos especiais, ter uma boa conta bancária e ter uma barriga sarada. Além de tudo, ah, coitada da Ana, ela precisa ter inteligência emocional.

E mais: a Ana está morrendo de vontade de ser mãe. Mas ela sabe que ainda não é a hora, pois antes ainda precisa ter a casa própria, quitar o carro, entrar em uma empresa que dê direito a licença maternidade, resolver se quer morar em Santos, São Paulo, Londres ou Caraíva e depois, achar um João. E o João precisa não somente ter um trabalho digno e um salário para pagar uma boa escola para a Laura e para o Theo. O João, além de tudo, ter que ser iluminado. Tem que fazer boas ações, tem que falar português perfeitamente, tem que acompanhá-la em viagens culturais, tem que brincar com crianças como se fosse uma delas, tem que querer passar os domingos na casa do pai da Ana, sem reclamar.

A Ana e o João não precisam ser super-heróis. Longe disso. Ninguém exige que eles sejam perfeitos. Eles só estão tentando acompanhar a tendência mundial. Eles vão andando, mostrando aos quatro ventos capacidades que nunca vão ser usadas, só porque, simplesmente, espera-se muito do ser humano de hoje. A Ana acordou cedo, foi na palestra, dirigiu 50 km para ficar perto dos pais, foi no salão, foi doar sangue, deu uma corrida, encontrou com amigos de infância e, ufa, chegou em casa. Quando, depois de toda essa maratona, pensou: “fiz tudo certo, cumpri a agenda do dia, mantive a classe da mulher ideal. Mas, em que momento perguntei o que iria me fazer feliz por hoje?”.


Tudo muito rápido

O mundo gira a uma velocidade difícil de acompanhar

Cobranças por todos os lados Realizações inversamente proporcionais às obrigações

Que tal deixarmos todos os dogmas de lado e fazermos somente o que temos vontade?

Bora galera, gritem agora bem alto "padrão é o caralho!".

7 comentários:

Iza disse...

De tudo que já sou fã nos seus textos; adorei que a Ana foi Ana e não Maria ou Amélia!!! Ser mulher talvez seja isso... deixar de ser Maria...

Vai com as outras!!

Mania de gente. disse...

PADRÃO É O CARALHOOOOOOO!!!!
te amo.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

WOW... irado Pardalzones...

Caio

Unknown disse...

E dá-lhe Ana!

Padrão é o caralho mesmo.

Letícia Bertolin disse...

Parabéns pela elaboração do texto, bem reflexivo!

Comissão Pró-Índio de São Paulo disse...

Nossa Bru demais esse texto!!! Parabéns! Muito bom, ma so ruim énos enxergar nisso né? Ai, ai