quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A minha eu pinto com sorvete de chocolate. E você?

O nome disso é preguiça. É a frase que repito todos os dias na hora que o despertador toca, e ao invés de eu levantar e ir pra academia ficar livre disso de vez, resolvo dormir mais uma horinha. Levanto quase atrasada, tomo um banho rápido e penso: o que eu mais queria era ter uma praia bonita aqui na frente para dar uma corrida e um belo mergulho no mar. Ok, uma esteira e uma piscina no prédio já seriam o suficientes. Converso com a minha consciência. Será mesmo que eu iria malhar e dar um mergulho na piscina antes de ir trabalhar ou só to querendo isso pelo fato de não ser uma realidade presente? É claro, decido sem titubear. Faria tudo isso, mas precisava chegar em casa e ter uma bela mesa de café da manhã, com salada de frutas, coberta com iogurte natural, granola e mel. Perfeito.

Isso eu não tenho, mas tenho o privilégio de vir trabalhar andando. E , mais uma vez repito na minha cabeça, era o tudo que eu queria (assim como a piscina ou a praia) há um ano atrás, quando ficava infinitos minutos dentro do carro para vir pra agência. Praia? Como eu desejei essa metrópole esquisita que é São Paulo, durante as minhas voltas em Santos, com a calça jeans dobrada até o joelho, chutando água do mar, enquanto retornava pra casa depois da rotina certa de oito horas diárias. A praia eu posso aproveitar de fim de semana. Acreditei tanto nisso, que me joguei sem dó. São Paulo, aqui estou eu.

Se o meu salário fosse mais alto eu daria entrada num apê. Se fosse um pouco maior, eu investiria num MBA. Se fosse o dobro, eu guardaria por meses, até jogar tudo pra cima e dar uma bela volta ao mundo. As coisas acontecem, merecendo, tudo rola. Mas ele precisa continuar sendo mais alto. Porque na vida, minha gente, sempre estamos querendo mais.

E é aí que tá. Lembro de um papo com uma psicóloga que certa vez me disse: até quando, Bruna, você vai ficar colocando prazos para ser feliz? Se ele não mudar até o ano que vem, eu termino. Se eu não tiver o reconhecimento no trabalho até o próximo semestre, começo a mandar currículo. Pode ser papo de livro de auto ajuda, mas o momento é o já. As coisas não mudam se a gente não mudar. Simples. O que eu to tentando dizer é que se dependermos do “mais”mais sermos felizes, não seremos é nunca.

Tudo isso para contar que mesmo querendo uma praia, uma piscina e uma salada de frutas completa numa charmosa mesa de café da manhã, eu aprendi que a felicidade não depende de absolutamente nada. Tá aqui, na simplicidade mais irritante da vida. Tá na árvore colorida da Vila Madalena. Tá na cerveja com os amigos que deixam o mundo mais especial. Tá no abraço apertado. Tá nas primeiras palavras de um bebê gostoso “titi, joga a bola?”. Tá na rede de casa. Tá no passeio de patins no parque. Tá yoga, no pilates (só não está no spinning). Tá fácil.

Quando enxergamos a luz mesmo no cinza do céu, é o momento de gritar: chega de reclamar, gente, a vida tem a cor e o gosto que você definir.

6 comentários:

Laís disse...

Ameeeeeeei, amiga!
Adoro quem saber falar dos sentimentos... você é demais!
e bora viver, né não?
beijãooo!

Unknown disse...

Sensacional o seu texto, Bru! Profundo e verdadeiro. AMEI. Bjs

Unknown disse...

Que bom q um dia a gente entende isso.

Comissão Pró-Índio de São Paulo disse...

Querida vc tem o dom da escrita! Definitivamente escreve bem coisas banais que falam no mais íntimo de nós seres humanos!

Unknown disse...

A minha é cor de rosa com gosto de cerveja. E ai de quem disser que não. Amo vc e todos os seus textos.

Bruna Sion disse...

Obrigada pelos comentários, seus lindos. Por essas que eu não quero deixar de escrever nunquinha, mesmo com a correria do dia a dia. Obrigada, obrigada, obrigada,