quarta-feira, 2 de maio de 2012

O tal do fim


Homem de cabelo comprido é estranho. Unha decorada, salgado com doce, frio no verão. Piscina aquecida, chuveiro queimado. Sujeira na praia, família desunida, eu te amo em um primeiro encontro. Amigas que não se desgrudam e falam mal umas das outras, telefone que dá ocupado só depois de 10 segundos, vírus no computador. Cabelo que muda só pela água do chuveiro, fax (!), fanatismo religioso. Mistura de cheiros, comida de avião, ligação de gente que só sabe pedir. Indecisão, indefinição, falta de vontade. Isso tudo é estranho. Agora, pra mim, estranho mesmo, é encerrar ciclos. Estranho, esquisito, triste e feliz. Tudo ao mesmo tempo, bem misturado mesmo.

Terminar namoro, por exemplo. Você acostumou com a pessoa, aprendeu a dormir só do lado direito da cama. Conseguiu acostumar a tomar banho um pouco menos quente, a tomar vinho seco, a comer aquelas coisas diferentes. Se apaixonou pela família, ficou amiga dos amigos, dedicou tempo, minutos do plano de celular, finais de semana. Aí acaba. Você sabe que a decisão foi racional, sabe que fez certo, mas no peito fica aquela sensação esquisita. Um negócio de não-sei-como-era-a-minha-vida-antes. Um tal de preciso reaprender a andar sem. Apresento-lhes, então, o fim do ciclo. É um bicho doido que aperta o peito e causa uma confusão danada.

E eu estou enfrentando um destes fins. Não de namoro (ainda bem), mas de um casamento que durou três anos e me fez crescer dia após dia. Não era um homem, não tive filhos deste relacionamento. Meu casamento foi com uma empresa que, coincidentemente, chama Ideal (e vou falar, viu?).  Estou de partida, certa de que a minha decisão foi correta, mas no meu coração fica um buraco. Este treco de fim não é fácil, não. Adoro mudanças, encaro sempre da forma mais positiva do mundo, mas, preciso confessar: a rotina já está fazendo falta. A saudade já está apertando. O lanche na padaria às 17h, o almoço cheio de gente querida, o happy hour sagrado das sextas-feiras. A partir de segunda não vou mais andando para a agência, não vão mais subir seis janelas no GTalk perguntando como foi o meu fim de semana, não vou mais ter o meu cantinho, com um meu buda cor-de-rosa me proporcionando a calma que preciso. Semana que vem não vou mais ter o Pilates na quinta, depilação da esquina, a manicure que tanto gosto, afinal, junto com a mudança de trabalho, vem a mudança de tudo que estava ao redor dele. Sim, coisas boas estão por vir. Tenho no meu peito toda a fé do mundo. Mas, não dá pra negar que este término de relacionamento está mexendo comigo. Foram três anos de um clima que nunca vi em lugar nenhum. De risadas, de aprendizado e, acima de tudo, de amizades que levo para a vida.

Vou encarar com a maturidade de quem sabe lidar com fins. Nunca fui boa em dizer tchau. Sempre levo comigo vestígios. Converso com ex-namorados. Tenho a papelada da época da faculdade, só para sentir que algo ainda me prende aquele momento. Achei a carteirinha do primeiro estágio. Tenho o apego que não deveria ter. Mas, para este fim, preciso falar: não quero ninguém me falando que apego é negativo. Vou levar comigo todas as lembras, todas as pessoas, todas os aprendizados, todos os momentos bons e ruins. Além do buda cor-de-rosa, que agora, além de me dar paz, vai me dar de presente recordações de quando ficarava no cantinho da mesa na Rua Virgílio de Carvalho Pinto.

5 comentários:

Paulinha disse...

Só tenho uma coisa a lhe dizer:
BOA SORTE!!!! linda da minha vida.

Comissão Pró-Índio de São Paulo disse...

Ai Bru que lindo :)
é uma pena porque este sue trabalho nos aproximava indiretamente!

Vc continua em SP?

Beijos e boa sorte

Flá disse...

Bru linda!!! Eu sei bem o que você sentiu e vou te dizer que a saudadezinha nunca passa. O clima é realmente incoparável e o coração enorme da maioria das pessoas também.
Mas vai fundo que o vento que nos empurra pra frente sempre é bom, mesmo que ele pareça gelado no começo =)

Morro de saudade de você e da Ideal, com tudo que ela tem de especial.

Um beijo,
Flavinha

WTSantana disse...

Minha linda sobrinha!Você sempre foi e será uma grande guerreira,sempre foi uma vencedora,por isso esse seu novo cominho que será traçado por você,com certeza será mais um que vencerá...seja feliz e olhe sempre para frente...grande sucesso é o que seu tio wellington lhe deseja...um grande beijo...

Bruna Sion disse...

Muito obrigada, gente. Estou bem feliz e animada com o novo desafio. Vou contando aqui as novidades. Bia, estou indo pra In Press, atender Ambev :)