terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Meu novo amor

Logo no primeiro dia do ano, me apaixonei. Assim, loucamente. E descobri tanta coisa da vida dele que, acreditem, posso prever o futuro. Ele vai ser um bom marido e um grande profissional. O nome do meu objeto de desejo é Caíque. E o Caíque tem 4 anos. O Caíque é irmão do Nathan, que tem 1 ano e meio e olha para o irmão como se fosse o maior super herói da terra. E, de repente, ele até é. Os conheci em um ônibus cheio, quando a mãe deles – uma mulher bastante educada – sentou ao meu lado com os dois pimpolhos no colo. Conversa vai, conversa vem. Pergunto se o Caíque já está na escola. A mãe responde por ele: claro, e é um ótimo aluno. Imediatamente, Caíque intervém, como se quisesse falar aquilo há tempos e tivesse precisando apenas de uma oportunidade. “Mãe, preciso te falar. É muito difícil ficar na escola. Eu não consigo parar de pensar em você nem um segundinho. Fico lá, imaginando se você está com saudade de mim, se meu irmão tá fazendo muita bagunça. Ai, mãe, não consigo me concentrar de tanto amor que sinto por você”. Ah, não. Ok, os mais céticos chamariam isso de chantagem emocional. Eu chamo de inteligência emocional. Ao meu ver, demonstrar sentimento assim, do nada, com gente estranha do lado, é uma atitude memorável. Principalmente para o Caíque e seus poucos anos de vida.

O Caíque, quando eu estava quase descendo do ônibus, perguntou para a mãe. “Mãe, por que a minha cabeça é dura?”. Nesta hora, tive que levantar e puxar a cordinha. Mas, ao sair, na minha mente ficou martelando a resposta que eu queria dar. Diria assim: Caíque, esquece esse cuco que faz até barulhinho ao bater três vezes. Esquece a questão do crânio, que você vai aprender na escola daqui algum tempo. Leve em consideração a maleabilidade que a vida pede. Tenha cabeça mole, cara. Concorde, tente, arrisque. Você vai ser mais feliz assim.