segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Papo nosso de cada dia

(são cinco, tem dias que seis – sete ou oito – mulheres que procuram somente um lugar ao sol)

Chega. Cansei. Vida injusta essa, fala uma das meninas. Meu coração congelou, meu racional domina todos os meus pensamentos. Vou virar vaca, sair por aí, dando para qualquer um. Quem sabe assim, aumentando a oferta, acabo acertando em alguém especial? Ela fala, mas tem uma cara triste. A outra, que sempre foi a mais emocional de todas, retruca com um sonoro “o amor existe e está dentro de você”. Não desista, tem tanta coisa boa aí dentro de você, é um desperdício dar de bandeja para quem tiver passando primeiro.

No bar. Estou na frente na fila por um namorado, grita uma enquanto conta que ficou com o terceiro cara em uma semana. Oi? Três, sua vaca, num tom que mistura graça e uma inveja branca. Três, com todas as letras. O gordinho que não presta, o que vivia dando bolo e resolveu aparecer e, por último, um com potencial pra futuro. Quem sabe.

As personalidades completamente opostas dão graça ao papo. A que está apaixonada (sim, alguma se apaixonou) insiste em falar que a vida tá linda. Linda? Grita a outra que acaba de sofrer a maior desilusão da vida. Uma terceira, mais neutra na história toda, sente um vazio. Nem bom, nem ruim. Neutro como sempre. Uma paz incrivelmente chata, que tira do ar qualquer possibilidade de aventura, de frio na barriga. Melhor estar iludida. Melhor estar sofrendo. Melhor estar loucamente apaixonada. Chato mesmo é não pensar em ninguém ouvindo Nova Brasil FM. Porre.

Por e-mail as conversas são tão engraçadas quanto, normalmente iniciadas por meio de algum texto de auto-ajuda. Olha que lindo esse trecho, manda uma. Lindo e distante, retruca outra. No meio do romantismo, veio a quarta (ou terceira, quinta, sei lá) contando que está apaixonada pela oitava vez do mês. Essa mistura de sentimentos e momentos é incrível.

(quando o coração está esquisito, o melhor é ter amigas que te mostram peculiaridades, loucuras e todas as diferenças possíveis. Somos nós. Viva!).

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