terça-feira, 28 de junho de 2011

Prefiro tirar zero

Viajar sozinha é um exercício de autoconhecimento. Coisa de alma. De se entender, se compreender e provar, para todos os seus lados, que sim, você é uma pessoa legal e que se basta. Acabei de voltar de férias. Diferente do ano passado que o período foi marcado por curso, estudo e pensamentos embolados, dessa vez a ordem foi zerar o Q.I. O destino foi Itacaré. O desejo foi um só: relaxar. Eu mereço, pensava nas intermináveis horas de voos, entre uma conexão de outra.

A cidade linda não tem nada de romântica. É agitada, mas acolhe. Depois de ter acabado de chegar com uma fome de leão, numa chuva nada propícia ao momento, quis uma dica de lugar bacana pra sentar e devorar qualquer coisa. Entrei numa loja de camiseta do tipo “vim pra Itacaré e lembrei de você” e pedi uma dica de restaurante para a vendedora. Ouvi exatamente o que queria: “estou indo alí, comer uma baguete, quer ir comigo?”. Pronto, não estava mais sozinha.

Os dias se passaram, fiz amigos (amigos?) que talvez sejam cultivados. Ao contrário do que muita gente pensa, cultura não está somente em viagens ao exterior. Jantei na casa de baiano, conversei com dezenas de crianças que fazem rosas com folhas de bananeira (“arte não tem preço, tia”), dancei forró, peguei ônibus para uma cidade que não deve estar nem no mapa. Conversei. Muito. Com todo mundo. Ouvi histórias, abasteci o meu conhecimento com idéias que de tão diferentes da minha, chegam as ser iguais (entendem?).

Mais uma vez entrei em contato comigo, sem interferência da comunicação e muito menos da tecnologia (você sabe se aqui pega Nextel? Pergunto. Nextel? O que é isso? Escuto de volta). Tomei decisões. Resoluções. Percebi o que andava me fazendo mal. E enquanto tomava uma cerveja olhando para o mar, pensei: a solidão, quando não é imposta, é uma delícia.

Voltei. As férias ainda duraram mais alguns dias, que eu fiquei largada na casa da minha mãe. O carro quebrou (pura birra, não queria que eu voltasse para SP). Claro, precisei de uma oficina. Foi quando ouvi: “se você for na oficina sozinha, vai ser enganada pelo mecânico, que acha que mulher é trouxa”. Legal, viajar sozinha eu posso. Me virar com voo atrasado, conexão perdida, notícia triste no meio de tudo (Karoquinha, meu amor, você vai ser pra sempre a nossa única cachorrinha), para tudo isso eu sou capaz. Preciso agora descobrir qual a diferença entre um furo na bomba d’água, no radiador, na mangueira ou seja lá aonde for.

(se passar nesse teste, talvez não precise de ninguém pra nada mais. Melhor tomar bomba nessa prova. dane-se).

3 comentários:

Caiorh disse...

Heheeee.. Pardaaaal... mas vc sabia que podia me chamar pra ir na oficina!!! Rs....

Caiorh disse...

Heheeee.. Pardaaaal... mas vc sabia que podia me chamar pra ir na oficina!!! Rs....

Carol Terra disse...

Adorei! :-D